Ambulantes protestam pela permanência na Travessa Lauro de Freitas em Vitória da Conquista

O início das atividades da Estação Herzem Gusmão nesta quarta-feira (2) foi marcado pelo protesto dos trabalhadores ambulantes de Vitória da Conquista. A Prefeitura, sob o pretexto de revitalização da região do antigo Terminal Lauro de Freitas, removeu os ambulantes da localidade. Os trabalhadores denunciam que a ação traz graves prejuízos econômicos para a categoria, afetando inclusive a sobrevivência de suas famílias.

De acordo com Roberto Barbosa, integrante da comissão provisória do Sindicato dos Trabalhadores Ambulantes, não houve negociação entre a Prefeitura e a categoria. “A situação está caótica, está triste. Fizeram 40 vagas na Rua da Misericórdia, onde está uma grande aglomeração de vendedores e lá nós não vamos conseguir vender, porque lá não vende. Está lá todo mundo amontoado. Dentro dos 81 [camelôs], só priorizou 40”, conta.

Outro argumento da Prefeitura para a retirada dos trabalhadores da região é uma suposta disputa nas calçadas entre o espaço das barracas e o piso tátil. Os camelôs afirmam que não se trata de problema com o mobiliário urbano para acessibilidade, pois há espaço suficiente para ambos. Apontam inclusive que a Prefeitura está espalhando vasos grandes com plantas nestas mesmas calçadas. 

“Estamos aqui para dar nosso apoio aos trabalhadores informais nessa cidade, que não têm acesso ao emprego formal e que precisam da rua para garantir a reprodução da vida das suas famílias. Nós somos trabalhadores. A cidade, como diz Henri Lefebvre, é do povo e é para o povo!”, afirmou Suzane Tosta, vice-presidente da Adusb. A dirigente classificou a política da prefeita Sheila Lemos como higienista.

A secretária geral da Adusb, Sandra Ramos, destacou a importância da permanência dos trabalhadores ambulantes na região, pois “é dali que eles tiram seu sustento, das suas casas, tiram o sustento de seus filhos, suas filhas e dali que eles também fazem circular inclusive o comércio local”. Sandra também ressaltou a solidariedade do movimento docente com a luta dos camelôs organizados.

A ação da Prefeitura foi repudiada por Cláudio Félix, professor da UESB, pois em um país “com 15 milhões de desempregados, com mais de 100 mil pessoas não comendo direito nesse Brasil, e os trabalhadores ambulantes precisam se sujeitar a vir à praça pública fazer um pedido de sobrevivência, que é querer trabalhar”.

Desde o início da manhã, a recém formada Guarda Civil Municipal esteve presente em peso na Estação Herzem Gusmão. Roberto Barbosa acredita que “a Guarda Municipal foi para nos intimidar. Está nos intimidando, nos coagindo, dando pressão para que a gente tenha medo”. O dirigente sindical ressaltou que “nós vamos ser resilientes como nossos antepassados. Não vamos deixar de brigar enquanto não voltarmos para Lauro de Freitas”.