Filiação do ANDES à CSP-Conlutas será decidida por congresso em 2023

 14° Conad Extraordinário (Conselho Nacional das Associações de Docentes), realizado pelo ANDES-SN, deliberou por encaminhar ao 41° Congresso da categoria, a ser realizado em fevereiro de 2023, o debate sobre a desfiliação da CSP-Conlutas.

O encaminhamento foi aprovado na plenária “Questões Organizativas", que teve como tema “CSP-Conlutas: Balanço sobre a atuação nos últimos dez anos, sua relevância na luta de classes e a permanência ou desfiliação da Central”. Após cinco horas de debates, a proposta 1 (indicar a desfiliação do ANDES-SN da CSP-CONLUTAS) obteve 37 votos; a proposta 2 (indicar ao Congresso Nacional a permanência filiação do ANDES-SN à CSP-CONLUTAS) teve 22 votos. Houve 5 abstenções.

Realizado nos últimos dias 12 e 13, em Brasília (DF), o Conad Extraordinário contou com a presença de 69 delegados/as sindicais, 106 observadores/as, 6 convidados/as, além de 31 diretores e diretoras do ANDES-SN.

Aprofundar o debate com a base da categoria

A decisão do Conad é indicativa e o Congresso da categoria, que acontecerá em fevereiro, é que irá dar a decisão final sobre esse tema.

Para os delegados/as que defenderam a permanência da filiação do ANDES-SN à CSP-Conlutas, a partir de agora o objetivo é aprofundar o debate com os trabalhadores/as da base da categoria e manter a filiação do sindicato à Central e a parceria combativa que, ao longo dos últimos dez anos, garantiu a defesa dos interesses da categoria com combatividade e independência de governos e patrões.

Para Marinalva Oliveira, docente e ex-presidente do sindicato nacional, a luta para manter uma entidade classista, autônoma e com ação direta, bem como manter o ANDES filiado a uma central que nunca rompeu com princípios e sempre esteve nas ruas em defesa de vida digna para todos/as, são fundamentais.

“Daqui até o Congresso, é importante fazer o debate nas bases do ANDES mostrando que para desfiliar de uma central teria de ser por dois motivos: se houvesse rompimento dos princípios e se estivesse no horizonte histórico alguma alternativa que representasse um salto de qualidade em termos de questões organizativas ou de projeto da classe”, pondera. “Com a CSP-Conlutas não houve rompimento de princípios e aqueles que defendem a desfiliação há ausência de algo concreto para onde ir ou propostas de incerteza”, afirmou.

“A conjuntura exige fortalecer a unidade e não divisão. Comida no prato, educação e saúde para todos/as são inegociáveis. Vamos organizados para o 41° Congresso Nacional e manter o sindicato na CSP-Conlutas”, afirmou Marinalva.

O professor, ativista da base do ANDES e integrante da CSP-Conlutas do Maranhão Saulo Arcangeli também destaca o equívoco e precipitação desse debate no atual momento.

 “Precisamos de independência, tomar as ruas e fortalecer organismos de frente única e a CSP-Conlutas é esse instrumento, pelo seu caráter sindical e popular que garante uma ampla unidade da classe, para enfrentar a extrema direita e, ao mesmo tempo, lutar pela pauta da classe trabalhadora, sem atrelamento a governos, partidos ou patrões”, afirmou.

Momento é de unidade e não divisão

“O ANDES-SN foi protagonista na fundação e construção da CSP-Conlutas, desde que romperam com a CUT, em razão da inação desta central diante da reforma da Previdência realizada em 2003. Filiados oficialmente desde 2007, mantivemos uma parceria combativa em defesa da categoria e da classe trabalhadora em todo esse período”, resgata o integrante da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas Paulo Barela.

A luta por uma educação pública e de qualidade, pela valorização do trabalho docente e pela autonomia das instituições públicas de ensino superior foi uma batalha constante das duas entidades em unidade com uma ampla frente em vários momentos.

Nos períodos de governos de Frente Popular, o sindicato nacional e a Central estiveram firmes contra retirada de direitos dos trabalhadores, especialmente, da categoria docente; contra as reformas universitárias privatizantes e todas as reformas neoliberais.

Foi com total apoio da CSP-Conlutas que foi possível também combater a criação do Proifes, uma iniciativa de setores da CUT para enfraquecer o ANDES, e derrubar as manobras dessa instituição que, em 2010, tentou derrubar a representatividade sindical do ANDES. Os mesmos setores que, inclusive, votaram a favor da desfiliação neste Conad, com apoio de setores do PSOL e do PCB.

 “A derrota de Bolsonaro é uma importante vitória, pois conseguimos impedir que seguisse no controle do Estado. Contudo, ainda temos muitos desafios pela frente. Seja porque a ultradireita seguirá atuando no país, seja porque o governo de Lula-Alckmin repete uma aliança com setores da burguesia, que têm interesses contrários aos dos trabalhadores. Para garantir uma ampla unidade para defender os docentes do ensino superior e toda a classe trabalhadora será preciso manter a combatividade e a independência de governo e patrões”, conclui Barela.

Foto: Andes-SN

Via cspconlutas.org.br