Aconteceu em Vitória da Conquista, entre os dias 10 e 14 de novembro de 2023, o VI Seminário Internacional Desfazendo Gênero, evento acadêmico que debate a questão da diversidade e da valorização das diversas identidades de gênero e orientações sexuais. Este é a primeira edição realizada após a pandemia da covid-19. A última foi em Florianópolis.
Desde 2015, o evento mantém o compromisso em realizar um seminário que abre caminhos ao discutir perspectivas e criticar as normatizações, normalizações e naturalizações heteronormativas que buscam apagar as diversidades sexuais e de gênero. O encontro também reforça o seu caráter político em seu sentido amplo, problematizando e recriando de forma permanente a produção de conhecimento nessa área de estudos e pesquisas. O evento contou com o apoio da Adusb, conforme indicação feita à Diretoria da Associação dos Docentes da UESB pelo Grupo de Trabalho de Políticas de Classe para Questões Étnico-raciais, de Gênero e Diversidade Sexual da Adusb – GTPCEGDS/Adusb.
A abertura oficial ocorreu na noite de 10 de novembro, no Teatro Glauber Rocha, na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Participando da mesa e representando a ADUSB, estava o Diretor de Comunicação professor Sérgio Barroso, que dividiu o espaço com o professor Marcus Lima, Presidente da Comissão Organizadora do Seminário; professora Gleide Pinheiro, Pró-Reitora de Extensão e Assuntos Comunitários – PROEX; professora Adriana Amorim, Pró-Reitora de Ações Afirmativas, Permanência e Assistência Estudantil, PROAPA e o estudante Yuri Brito, Representante do Centro Acadêmico Glória Maria, da UESB.
Em sua fala, o professor Marcus Lima disse que “foi muita coragem e ousadia trazer um evento deste porte para o interior da Bahia, dessa forma, estou muito orgulhoso da sexta edição do seminário e muito agradecido à UESB, em promover esse debate. A troca de atenção, afeto e conhecimentos, acadêmicos ou não, são muito importantes para a compreensão e a construção de um mundo melhor”. Em seguida, o discente Yuri Brito se disse entusiasmado em participar de um evento que “busca ter debates extremamente importantes e que trazem visibilidade para os vários recortes sociais, e nós, estudantes, temos a oportunidade de nos envolver mais com esses movimentos e discussões cruciais para um mundo mais progressista e mais humanitário”. Foi passada a palavra para a professora Adriana Amorim, que relembrou que o evento acontece “em uma cidade nordestina, do interior da Bahia, na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Então, festejo ao dizer que no ano de 2023 foi aprovada no Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe) a criação de cotas adicionais, em cada curso de graduação da UESB, para travestis e pessoas trans. E essa vitória partiu de uma construção coletiva com o movimento, juntamente com docentes e discentes”. A professora Gleide Pinheiro disse estar feliz em “ver o auditório repleto de pessoas que não são só pertencentes da comunidade universitária, assim, eu digo: a extensão na UESB está realmente acontecendo. Estamos conseguindo trazer pessoas de outras áreas e espaços para discutir assuntos tão importantes e com pautas tão urgentes. E com a cota para trans e travestis, nós inauguramos um novo formato para recepcionar essas pessoas, para que façam parte da comunidade acadêmica, em um lugar assegurado a elas”. Em sua fala, o professor Sérgio Barroso enfatizou a importância do evento e disse que “Na Adusb, enquanto seção sindical do ANDES Sindicato Nacional, um sindicato classista, compreendemos que vencer as opressões definitivamente passa por superar o modelo de sociedade capitalista. Contudo, enquanto não atingimos esse objetivo, a luta contra as opressões não pode parar, pois elas afligem a classe trabalhadora, afinal, a classe é diversa em suas identidades, de gênero, étnico-racial e sexual. São várias frentes de combate, contra o machismo, a LGBTfobia, o racismo, o capacitismo e outras formas de opressão. São lutas extremamente importantes. No ANDES-SN e na Adusb, temos em nossos espaços deliberativos, discussões específicas e grupos de trabalho, o GTPCEGDS, para atualizar nossas pautas e fortalecer as lutas contra essas opressões. E precisamos dialogar, em todos os espaços, numa perspectiva classista, para fortalecer as lutas contra essas opressões”. O professor Sérgio também apresentou as cartilhas elaboradas pelo ANDES-SN, que podem ser obtidas no link: https://www.andes.org.br/sites/publicacoes
Focando em estudos da temática de gênero, o evento reúne estudantes, pesquisadores, professores, artistas e ativistas, que participam da vasta programação, que inclui atividades culturais, simpósios temáticos, palestras, rodas de conversa, conferências, lançamentos de livros e muito mais.
O evento parte do princípio que o ativismo também produz conhecimentos e de que toda essa produção precisa estar a serviço de políticas para que pessoas respeitem, reconheçam, atendam e aprendam com as múltiplas sexualidades e gêneros que existem na sociedade.