ANDES-SN participa de painel da CRES+5 sobre condições de trabalho na educação superior

O ANDES-SN participa da Conferência Regional de Educação Superior da América Latina e Caribe (CRES+5), que ocorre no Centro Internacional de Convenções, em Brasília (DF), de 13 a 15 de março. A 1ª vice-presidenta do Sindicato Nacional, Raquel Dias, compôs a mesa do painel "Trabalho decente e condições de vida dos atores da educação superior", nessa quinta-feira (14).

"Essa mesa do eixo 7 é muito simbólica, pois é uma mesa formada somente por sindicalistas. Além disso, é uma mesa que se realiza no mês da luta internacional das mulheres trabalhadoras, formada por três mulheres sindicalistas. É muito importante dizer isso porque um dos nossos eixos, trabalho decente no âmbito do trabalho docente, é exatamente a igualdade, a participação e a inclusão de gênero no trabalho decente”, afirmou Raquel. A mesa foi mediada pelo secretário da Confederación de Trabajadores y Trajadoras de las Universidades de las Américas (Contua), Marcelo Di Stefano, Argentina (mediador da mesa). 

Durante sua explanação, a 1ª vice-presidenta do Sindicato Nacional lembrou que o dia 14 marca o assassinato da vereadora Marielle Franco e Anderson Gomes e a luta por justiça. "Uma mulher lutadora pelos direitos humanos e que teve um assassinato político no nosso país. Nós não esqueceremos disso. Marielle, presente!", clamou.
  
Raquel Dias também enfatizou o alto número de mulheres sindicalistas, ou não, que são perseguidas por questões de gênero no país. Ela mencionou o caso da primeira professora trans do Instituto Federal de Educação do Ceará (IFCE), Êmy Virgínia Oliveira da Costa, que foi exonerada de forma arbitrária. A docente faz doutorado na Universidad de la República (Uruguai) e ausentou-se do país para cumprir suas atividades no programa. A Controladoria Geral da União reexamina o caso.

Ela também citou o caso da professora Jacyara Paiva, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e diretora do ANDES-SN, que teve seu processo de exoneração revertido, após muita luta. E, por último, lembrou da professora Elenira Vilela, diretora do Sinasefe, que sofreu um brutal ataque da extrema direita por suas posições políticas. "Não podemos deixar de fazer esses registros porque estamos falando aqui do direito de greve, de organização e de vários direitos que estão relacionados ao trabalho docente", enfatizou.  

Raquel informou, ainda, sobre a greve das técnicas e dos técnicos administrativos das universidades federais, deflagrada nessa semana, e contou da dificuldade de estabelecer negociação com o governo federal. "É importante dizer também que a mesa de negociação com o governo se caracteriza como uma mesa de enrolação, porque tivemos uma resposta por parte do governo de reajuste zero, desrespeitando um dos princípios do trabalho decente que é a remuneração digna, além de outro princípio que é a paridade entre ativos e aposentados", criticou.

A 1ª vice-presidenta do ANDES-SN apresentou aos e às participantes do evento o Caderno 2 do Sindicato Nacional, que contém a proposta do Sindicato para a universidade brasileira e para a carreira docente. "Nós trazemos aqui a defesa de uma carreira única para as universidades federais, cefets, institutos federais, também para as universidades estaduais, municipais e distrital. E essa carreira única tem como princípios a defesa da formação continuada, a valorização do tempo de serviço de forma automática, do regime de trabalho com dedicação exclusiva, ingresso por concurso público nas instituições públicas de ensino, a defesa paridade na remuneração e nos direitos entre ativos e aposentados e de condições de trabalho que não comprometam a saúde e a segurança dos e das docentes", contou.

CRES+5
A Conferência reúne entidades e lideranças de diversas instâncias relacionadas às instituições de ensino superior, como docentes, reitores, reitoras, estudantes, entre outros, e trata dos desafios enfrentados na educação superior na América Latina e no Caribe, desde a terceira edição, realizada em 2018 em Córdoba, Argentina. A CRES+5 é organizada pelo Ministério da Educação (MEC), por meio da Secretaria de Educação Superior (Sesu) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), e pelo Instituto Internacional para Educação Superior na América Latina e Caribe (Iesalc) da Unesco.

Via andes.org.br