28 de junho: o grande legado dos 50 anos de Stonewall e das lutas LGBTs

É com grande orgulho que nós, LGBTs, comemoramos os 50 anos de uma revolta emblemática para nossa comunidade e para toda a classe trabalhadora: dia 28/06 completam-se 50 anos da revolta de Stonewall. Um marco nos processos de luta de classes, que ocorreu em Nova Iorque, num momento de ofensivas e ataques às LGBTs.

Naquela ocasião, as pessoas não podiam expressar publicamente sua orientação sexual ou identidade de gênero e precisavam se encontrar em lugares escusos por serem considerados doentes e pervertidos. Acesso à educação e à saúde lhes eram negados, muitas vezes eram expulsas de casa por causa de sua condição. Em outras situações, quando descoberta a identidade LGBT, passavam por processos de lobotomia, castração, internações e torturas.

Na verdade, a origem das paradas LGBTs que ocorrem no mundo desde então tem seu marco na revolta de Stonewall. Foi exatamente neste acontecimento que o protagonismo LGBT nas lutas ganha um impulso novo em todo o mundo. Assim, as pautas que reivindicam direitos para as pessoas LGBTs ascendem em todo o mundo, o que permite que discussões se desenvolvam, já com a ótica voltada às pessoas LGBTs.

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O fato é que, depois de numerosas batidas policiais num bar chamado Stonewall Inn, na cidade de Nova Iorque, um grupo de pessoas liderado por travestis, trancaram os policiais no bar, numa atitude nítida de enfrentamento diante das posturas repressivas. O episódio não termina assim, e se estende por sete noites de confronto e de embates entre policiais e LGBTs nas ruas da cidade. Como resultado dessa atitude de determinação, os participantes do evento formaram um movimento denominado Frente de Libertação Homossexual, que se constituiu como uma organização assertiva diante de discussões relacionadas aos direitos de pessoas LGBT.

A manifestação teve visibilidade tamanha, que no ano seguinte ocorreu uma passeata em comemoração à data, originando as paradas LGBTs em todo o mundo. Diversos grupos homossexuais se destacaram em continentes diferentes e mobilizaram protestos, atos e manifestações em defesa de pautas LGBTs. Por conseguinte, direitos dessa população começam a ser levados a ambientes de disputa política, com o intuito de ensejar ganhos e conquistas para a referida população.

De acordo com o site Spartacus, referência de uma das maiores revistas gays do mundo, a Spartacus Gay Guide, no Brasil, um LGBT morre a cada 19 horas, pelo fato de ter uma orientação sexual que não corresponda à heteronormativa ou por sua identidade de gênero. A ultradireita, representada pela figura de Jair Bolsonaro, impõe perdas significativas ao lançar a Medida Provisória nº 870 no primeiro dia do governo, que exclui as LGBTs de medidas para proteção dos direitos humanos.

Diante da crise acirrada e da ofensiva neoliberal que ataca principalmente os setores oprimidos, as LGBTs estão expostas a uma maior precarização de trabalho, assim como ao desemprego e à prostituição. A greve geral de 14/06 foi uma demonstração de força contra o projeto econômico de Paulo Guedes, que tende a aumentar ainda mais os níveis de exploração da classe trabalhadora. A reforma da previdência está colocada tem ares de perversidade, principalmente para aqueles que suam para conseguir um lugar ao sol no mercado de trabalho.

É preciso resgatar o espírito de Stonewall e partir para o ataque em cima desses governos. Nós, LGBTs, somos aqueles que não temos nada a perder. Por isso, propomos uma greve geral ao lado da juventude e da classe trabalhadora e, em seguida, ocupar Brasília, para derrotar a reforma da previdência!

Viva 28 de junho!

Viva Stonewall!

Viva a luta da classe trabalhadora!

 

Fonte: CSP - Conlutas  por Alessandro Furtado, Oposição no SINDUTE-MG e integrante do setorial LGBT da CSP-Conlutas