O governo anunciou a antecipação do pagamento da segunda parcela do auxílio emergencial de R$ 600, que estava programado para ocorrer dia 27 para o dia 23, contudo, a realidade é que milhões de trabalhadores sequer receberam ainda a primeira parcela.
Atualização 23/04: Na noite de quarta-feira (22), o governo voltou atrás e não vai mais antecipar a segunda parcela, que ficará somente para maio. O Senado também aprovou o auxilio para mais categorias, o que agora dependerá da sanção de Bolsonaro.
As reclamações denunciam o atraso para a Caixa analisar os pedidos e efetivar os pagamentos, a dificuldade em acessar os aplicativos do banco, bem como a rejeição de milhões de pedidos.
Desde segunda-feira, o tema tomou as redes sociais com as hastags #auxilioemergencialnegado e #CaixaTemNaoFunciona, onde os usuários compartilham relatos das dificuldades que estão vivendo.
Há relatos de pessoas que se inscreveram na primeira semana de lançamento do site/aplicativo e ainda não receberam nenhuma resposta. Outros que tiveram o benefício aprovado e, apesar do governo anunciar um prazo de pagamento de cinco dias, estão há quase 15 dias sem receber. Outros depoimentos reclamam do mau funcionamento do aplicativo Caixa Tem para receber o valor. Há trabalhadores que afirmam estar com o CPF regular e não conseguem ter acesso ao benefício do governo federal.
Entre as famílias que se organizam no Luta Popular, são vários casos nesta situação, segundo Irene Maestro, uma das coordenadoras do movimento.
Conversamos com Cristian Willy, que junto com a companheira, vive na Ocupação dos Queixadas, em Cajamar (SP). Ele conta que se cadastrou no primeiro dia liberado pela Caixa, no início do mês, mas até agora não obteve o auxílio. “Estamos acompanhando todo dia. A necessidade é grande e vivemos uma tensão constante. Só diz que continua em análise. Tá muito complicado”, contou.
“O feijão já acabou. Tem um pouco de arroz ainda. Até ligamos para a Prefeitura para solicitar cesta básica, mas informaram que há lista de espera é de pelo menos uma semana. Algumas famílias já conseguiram, mas a maioria não e a falta de alimento já uma realidade nas ocupações e periferias por aí”, relatou.
“Sabemos que é preciso manter a quarentena, mas quem é informal e faz bico ficou sem sua forma de sustento. Por isso, o governo deveria garantir esse auxilio urgente”, disse.
Na semana passada, dados divulgados pela DataPrev, revelam que cerca de 30% dos informais que se cadastraram no site ou no aplicativo tiveram o pedido negado. O governo listou vários casos que não estavam habilitados para receber o auxílio, contudo, há inúmeros relatos de que muitos pedidos foram rejeitados sem justificativa, em alguns casos até por erro na hora do preenchimento , sem que houvesse forma de corrigir as informações.
Na segunda-feira (20), o governo informou que atualizou os dados e quem teve o pedido negado poderá contestar o resultado da análise e pedir novamente os R$ 600 (veja abaixo como fazer).
Chega de enrolação! Paga logo e aumenta o valor
“Bolsonaro propôs inicialmente pagar apenas R$ 200. Depois que foi definido no Congresso o valor de R$ 600, enrolou para sancionar a medida e anunciar o início do pagamento. Ainda assim, até agora, milhões de famílias não viram a cor desse dinheiro. Já para banqueiros, o governo liberou de forma imediata uma ajudinha de R$ 1,2 trilhão”, relata o dirigente da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas Atnágoras Lopes.
“Quem tem fome tem pressa. O governo Bolsonaro tem de parar de enrolação e pagar logo esses R$ 600. Mais do que isso, é preciso aumentar urgentemente esse valor que é insuficiente para que as famílias mantenham seu sustento e anunciar novas medidas que de fato protejam os mais pobres e não os banqueiros como eles estão fazendo. Os recursos do país devem ser direcionados para proteger os mais pobres e não banqueiros”, afirmou.