Agosto acabou com um saldo amargo de 29 mil mortos pela Covid-19 no país. É o segundo mês mais letal, que só não superou o de julho, em decorrência da doença, desde o começo da pandemia.
Durante esses quase seis meses em que país convive com o vírus, o Brasil já registrou quase 4 milhões de contaminados e mais de 120 mil mortos, em uma curva de contaminação e vidas perdidas elevadíssimas. Por dia, a média de mortes chega a mil, com registro de quase 40 mil novos casos.
O Brasil é o epicentro da pandemia, e só não superou os Estados Unidos em número de mortos e de contaminados, ainda assim, lá são feitas mais testagens, enquanto aqui nem 7% da população foi testada.
Com baixos testes e ainda elevados números de mortos e contaminados, os trabalhadores estão sendo lançados à própria sorte. É a classe trabalhadora que está na linha de frente dessa pandemia, se expondo ao risco de se contaminar ou sofrendo a perda de familiares, já que os governos não garantiram quarentena geral para o controle da doença e a proteção do povo.
Ao contrário disso, o que temos visto é a flexibilização das medidas de isolamento, com a abertura de setores da economia, o que tem empurrando os mais pobres para o abate, como animais, sem garantia alguma de proteção. Não à toa, temos o veterinário Laurício Monteiro Cruz à frente da pasta do Ministério da Saúde, que assumirá como diretor do Departamento de Imunizações e Doenças Transmissíveis.
Esse mesmo governo que chamou o vírus de gripezinha ignora a vida e a saúde dos trabalhadores. Isso enquanto retira os direitos dos mais vulneráveis.
Sem alternativas, o povo pobre é submetido a trabalhos informais e sobrevive porque conseguiu o auxílio emergencial, que, inclusive, as próximas parcelas serão reduzidas de R$ 600 para R$ 300 reais. Há ainda os que até hoje não conseguiram receber o benefício e representam 1/3 dos que entraram com pedido.
É essa parcela social que tem que encarar o transporte público, cuja pesquisa recente aponta que é um grande disseminador da doença. Em levantamento feito pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), autônomos e pessoas que precisam usar o transporte público – e moram nas periferias de São Paulo -, são as que mais morrem pela Covid-19.
Mesmo diante desses números alarmantes, com o passar do tempo, a doença segue sendo minimizada pelo governo Bolsonaro e também pelas gestões nos estados e municípios.
Para dar o exemplo de um estado, São Paulo, uma das regiões de epicentro da doença no país, superou ontem a Espanha em número de mortos, com 30 mil vidas ceifadas. Ainda assim, o governador João Dória (PSDB), segue com a política de flexibilização da quarentena no estado, com abertura de academias e bares, por exemplo. Outro fato que assusta, sobretudo pais e mães, é a possibilidade de retorno escolar prevista para acontecer em outubro.
Para o dirigente da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas Atnagoras Lopes a forma como Bolsonaro e os governos nos estados tem lidado com a doença só confirma sua política genocida. Por isso, é importante seguir em luta pela garantia da vida da classe trabalhadora. “Vamos seguir com nossa política de denúncia desse governo genocida, que segue ignorando a doença e levando os trabalhadores à morte. Vamos continuar em luta pelo fora Bolsonaro, Mourão e Guedes, em defesa da vida dos trabalhadores que são os mais expostos”, salientou.