O presidente Jair Bolsonaro, em live realizada nesta quinta-feira (17), declarou sua intenção em impor a volta às aulas em todo país, mesmo com a pandemia da Covid-19 ainda em alta no Brasil. A política assassina deste governo fez o país estar vivendo seis meses com altos níveis de propagação do vírus. Seguindo a linha de “alguém tem que morrer” quer expor estudantes, professores e familiares dessas pessoas à morte e à contaminação.
Em seu discurso, Bolsonaro aproveitou para atacar os sindicatos, que estão em forte batalha nos estados para reverter o retorno, por saberem que essa volta pode agravar o quadro já crítico da pandemia.
“É um pessoal de esquerda radical. Que para eles está muito bom ficar em casa. Por dois motivos: eles não trabalham e outra, colabora para que a garotada não aprenda mais coisas. Não voltem a aprender a se instruir”, um verdadeiro ataque às entidades sindicais que estão em luta, ao contrário do presidente, para preservar a vida da comunidade escolar.
Tal postura veio após organizações como OMS, Unicef e Unesco apelarem aos governos mundiais para priorizarem a abertura de escolas, não a de outros segmentos como bares e eventos de massa, que já estão funcionando.
De maneira criminosa, essa lógica que visa o lucro acima da vida, está levando a população a se expor mais. A discussão deveria ser de preservação da vida, não de flexibilização da reabertura de setores econômicos. Os governos deveriam garantir quarentena para a classe trabalhadora, com renda e manutenção de direitos.
Outra defesa feita por Bolsonaro é que o Brasil está demorando mais para a volta às aulas que outros países no mundo. “Nós somos o país que tem o maior número de dias da molecada sem aula, só está faltando nós. Hoje mandei mensagem até para o ministro Milton, do MEC, para ele se preparar e começar a orientar – a decisão [final] não é nossa, é dos prefeitos – para que se voltem as aulas no Brasil”.
O presidente, no entanto, ignorou que esses países estão enfrentando novos surtos da doença. Itália e Portugal, que atualmente tem a pandemia sob controle e a contaminação e as mortes em declínio, a volta às aulas é apontado como preocupante, já que existe a possibilidade, de acordo com especialistas, de uma segunda onda de contaminados. Na França, após o retorno escolar, 80 escolas foram fechadas após surto de contaminação.
O presidente reforçou em seu discurso ser “inadmissível, perdemos um ano letivo”. Ao contrário dessa lógica, as entidades sindicais defendem a saúde da população, por entenderem que ano letivo se recupera vidas perdidas, não.
O Brasil alcança a marca de 134 mil mortos e mais de 4 milhões de infectados pela doença. As mortes diárias chegam a 900 pessoas e 37 mil contaminados em 24 horas. Números que assustam diante ofensiva pela volta às aulas.
Em estados em que a volta às aulas ocorreu, houve uma exploração de contaminados. Em Manaus (AM), em menos de 15 dias de retorno escolar, mais de 600 professores contraíram a doença. Após a volta às aulas, em 10 de agosto, mais de 100 escolas registraram casos de estudantes e professores contaminados.
No Maranhão, as escolas particulares reabriram e tiveram que fechar pelo grande número de casos.
Exemplos que mostram a necessidade de manter as escolas fechadas para proteção da vida e da saúde da comunidade escolar.
“A CSP-Conlutas segue reafirmando sua política contra o retorno escolar, com a campanha escolas fechadas, vidas preservadas, e repudia as declarações do presidente. Volta às aulas, só depois da pandemia”, reafirma a integrante da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas Joaninha Oliveira.
Via CSP-Conlutas