O prefeito de São Paulo Bruno Covas (PSDB) e o governador João Doria (PSDB) determinaram a volta às aulas do ensino médio a partir desta terça-feira (3). O estado, epicentro da epidemia no país, chegou nesta segunda-feira (2) às marcas de 1.117.795 casos e 39.346 mortes.
Ignorando o que tem acontecido em países europeus, que enfrentam nova onda de contágio e mortes, o governo paulista, que ainda não superou a primeira onda de contaminação da Covid-19, segue com sua política de reabertura criminosa, fazendo coro com Bolsonaro, que já chamou a doença de “gripezinha”.
Minimizando essa tragédia anunciada, as escolas municipais do ensino médio estão autorizadas a reabertura. A cargo de cada Secretaria de Educação, a reabertura, no entanto, ocorreu em apenas nove escolas municipais que atendem a essa etapa de ensino.
Ao todo 2,4 mil estudantes do ensino médio estão alocados em escolas municipais e a baixa adesão representa 0.6% dos jovens matriculados, cujas escolas irão reabrir.
Para outras modalidades de ensino como o fundamental e infantil, ainda prevalece a regra de atividades apenas extracurriculares.
Na rede estadual, que abarca mais de 317 mil alunos do ensino médio, o que representa 79% das matrículas, o retorno também está autorizado, mas não foram repassados os números sobre a adesão das escolas para a reabertura.
A frequência às aulas presenciais é optativa para os alunos, que mesmo que não queiram ir para a sua proteção, sentirão a pressão para o retorno.
Está previsto também que escolas particulares retornem as atividades, no entanto, algumas ainda aplicarão o ensino retomo.
Ano letivo se recupera, vidas perdidas, não!
A alegação da prefeitura e do estado para a retomada das aulas presenciais seria a preparação para o vestibular, as aulas não presenciais poderiam prejudicar os alunos do ensino médio. O abandono escolar é outra justificativa para o retorno.
A CSP-Conlutas defende que ano escolar se recupera, vidas perdidas, não. Por isso, é contra o retorno das aulas presenciais em meio a pandemia, ainda em alta no estado. A vida precisa estar em primeiro lugar. Os governos deveriam garantir a proteção desses jovens que podem ser promissores disseminadores do vírus para os seus familiares.
Outra alegação é de que a faixa etária, entre 14 e 19 anos, já está circulando na cidade para trabalhar. O governo, que deveria garantir quarentena geral para esses trabalhadores, irá os expor ainda mais com o retorno escolar presencial. Será uma dupla chance de contaminação.
Um estudo feito pela Fiocruz estima que a volta às aulas pode expor ao vírus cerca de 9,3 milhões de brasileiros, com problemas crônicos de saúde e que pertencem a grupos de risco de Covid-19. O levantamento aponta que estudantes que convivem na mesma casa com pessoas com esse perfil, podem levar o vírus para seus familiares.
O povo brasileiro entende os perigos e não aprova o retorno escolar durante pandemia. Uma pesquisa feita pelo Ibope (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística), divulgada no início de setembro, revela que 72% da população é contra a volta às aulas presenciais, sem antes ter a vacina de combate à Covid-19.
“É inconcebível um retorno às aulas em novembro. O Governo estadual Doria sabe disso e o prefeito Bruno Covas também, estão tentando agradar os donos das escolas particulares e promover uma confusão na categoria de professores e entre os estudantes. A comunidade já decidiu nas escolas pelo não retorno em 2020 dessa forma não faz sentido manter o retorno do ensino médio. A aprendizagem se recupera vidas não”, aponta a professora do Centro Paula Souza, que também integra a Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas.
A Central reafirma sua política pela quarentena geral a todos os trabalhadores assim como a Campanha Escolas Fechadas Vidas Preservadas, Volta às aulas só depois da pandemia. Reforça ser uma irresponsabilidade e uma política criminosa dos governos colocar milhares de estudantes nas ruas.
Outdoors foram instalados na cidade de São José dos Campos (SP) e em São Carlos (SP), para fortalecer a campanha que ganha às cidades de São Paulo. Também foram produzidos spots para rádios e carros de som, boletim e cards para as redes sociais que podem ser conferidos aqui.
O Programa da Central para o enfrentamento da crise sanitária do país também defende o não retorno das aulas presenciais. “A pandemia não acabou. Defendemos uma quarentena geral com renda digna! Somos contra o retorno das aulas presenciais. As escolas públicas e privadas devem ficar fechadas. Vamos recuperar o ano, as vidas não”, aponta uma das consignas.
Vamos à luta em defesa da vida. Escolas fechadas, vidas preservadas!
Via cspconlutas.orgbr