Após dois meses de uma tímida queda e estabilização no número de mortes e internações, estados em todas as regiões do país estão registrando aumento de contaminação e óbitos pelo novo coronavírus.
Nesta quarta-feira (18) foi registrada uma média móvel de 584 óbitos por dia em razão da Covid-19, considerando dados dos últimos sete dias. Nas últimas 24 horas foram registrados mais 38.401 casos e 754 mortes. Os dados são os maiores dos últimos 35 dias, com tendência de alta em 14 estados.
Segundo levantamento feito pelo consórcio de veículos de imprensa junto às secretarias estaduais de saúde, o número total de casos no Brasil se aproxima dos 6 milhões de infectados. Nesta quarta, já são 5.947.403 pessoas contaminadas e 167.497 vidas perdidas.
São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Acre e Paraná chegam a registrar o triplo de casos nos últimos dias.
O governo de São Paulo confirmou, na última segunda-feira, um aumento de 18% nas internações por Covid-19 em todo o estado, em hospitais públicos e privados, o que já havia sido alertado por órgãos de imprensa.
Flexibilização precoce
A alta de casos acontece quando o Brasil, diferente de países europeus, sequer chegou a registrar uma queda acentuada na contaminação e mortes pela Covid-19. Especialistas discutem agora se a alta trata-se de uma “segunda onda” ou não. Mas, independente disso, o fato é que a pandemia segue sem perspectiva de um fim no Brasil e a crise social se aprofunda.
O médico infectologista David Uip, que é membro do Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo, declarou em entrevista à Globo News que “a população está cansada, mas o vírus não”. Um fato.
Entretanto, Uip e integrantes do governo Doria responsabilizam a população que estaria “afrouxando” demais na prevenção da Covid, participando de festas e confraternizações inadvertidamente, principalmente os mais ricos.
Para o integrante da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas Atnágoras Lopes, a responsabilidade não é da população, mas sim dos governos.
“A verdadeira pressão pela flexibilização das medidas de isolamento social partiu de setores empresariais e dos próprios governos que não decretaram uma quarentena geral em nenhum momento, pois sempre priorizaram os lucros acima da vida. Desde Bolsonaro aos governos estaduais e municipais, minimizaram a pandemia, sempre contrapondo as necessárias medidas de isolamento para defesa da vida com a economia, confundindo a população”, afirmou Atnágoras.
“Sem contar que para os trabalhadores nunca houve isolamento, pois foram obrigados a seguir se aglomerando nas fábricas e nos transportes. Assim como os mais pobres, que sofreram com falta de condições de manter o isolamento, seja pelas condições precárias nas periferias ou porque sofreram com despejos em plena pandemia”, criticou.
Quarentena geral e um programa contra a crise
A CSP-Conlutas segue defendendo que é preciso uma quarentena geral, com garantia de renda para todos os trabalhadores, autônomos e pequenos negócios, até que haja um controle real da pandemia ou a vacinação da população.
“Recursos existem. Basta que os governos passem a priorizar, de fato, a defesa da vida e não os lucros de meia dúzia de bilionários”, afirmou o dirigente.
A central também é contra a volta às aulas em meio à pandemia e está impulsionando a campanha “Escolas Fechadas, Vidas Preservadas”.
A CSP-Conlutas elaborou o Programa Emergencial dos Trabalhadores contra a crise sanitária e econômica que traz propostas para garantir a quarentena, bem como para atender as necessidades e reivindicações da classe trabalhadora e dos mais pobres (CONFIRA AQUI).
Via cspconlutas.org.br
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil