O Dia da Consciência Negra é comemorado no dia 20 de novembro, dia da morte de Zumbi dos Palmares. Este dia marca as lutas contra o racismo e a exploração do povo negro, que mesmo após a abolição continua sofrendo com as desigualdades sociais e a violência.
Segundo estudo do IBGE (11 de novembro de 2020), indicadores demonstram como a informalidade do trabalho, os baixos salários e o desemprego afetam mais gravemente a população negra, evidenciando o racismo estrutural da sociedade brasileira. Negros e negras sobrevivem às margens da sociedade, nas periferias e favelas das cidades, sem acesso à saúde, à educação, ao saneamento básico decente e em precárias condições de vida.
Enfrentamos uma crise sanitária muito dura -com - a COVID-19, e mais uma vez os indicadores demonstram o racismo estrutural, pois as taxas de incidência e mortalidade são maiores entre a população negra. . Os dados trazidos pela agência pública (https://apublica.org/2020/05/em-duas-semanas-numero-de-negros-mortos-por-coronavirus-e-cinco-vezes-maior-no-brasil/) mostram que há uma morte para cada três brasileiros negros hospitalizado por Covid-19, enquanto entre brancos a proporção é de uma morte a cada 4,4 internações. O número de mortes de negros/as sem escolaridade maiores é quatro vezes maior que a de brancos com nível superior. Equivalente a 80,35% versus 19,65%. Ao considerar a mesma faixa de escolaridade, negros e pardos apresentam proporção de óbitos 37% maior, em média, do que a de brancos.
As desigualdades socioeconômica e racial impostas pelo capitalismo e que vêm sendo agravadas pela doença da COVID-19, demonstram que esta população é a mais vulnerável e invisível da sociedade. É esta população que sofre com a exploração do trabalho, para manter os privilégios de uma parte da sociedade e, desta forma, violentamente, tem suas vidas ceifadas em decorrência da tentativa de manutenção de seus empregos, pesando ainda mais sobre as mulheres negras, que se encontram na base da manutenção destes privilégios.
Sabemos que as questões relativas às desigualdades raciais advêm de aspectos históricos da formação da nossa sociedade e há necessidade de compreendermos a verdadeira origem deste problema estruturante e que ainda se perpetua, para que possamos combater esta naturalização da subalternidade dos negros/as, reforçada pelo modo econômico vigente. A violência policial, que em sua grande maioria atinge a população negra e jovem, é um exemplo do quanto os preconceitos institucionais e individuais são naturalizados. É preciso resgatar os avanços conquistados pela luta antirracista classista e torná-los visíveis para que a resistência e luta de outrora nos fortaleçam para o enfrentamento, presente e futuro, do racismo estrutural de nossa sociedade. Devemos repudiar veementemente falas racistas como a do vice presidente da República, Mourão, que tentam invisibilizar a violência racista contra a população negra e contribuem com a naturalização da política de genocídio desta população, como o assassinato de João Alberto Silveira Freitas por seguranças, entre eles um policial militar, de um supermercado em Porto Alegre. É inadmissível um crime racial tão bárbaro ser associado a uma simples fatalidade de desigualdade social. Existe sim racismo no Brasil, que ceifa vidas - vidas negras.
O GTPCEGDS/ADUSB busca através do debate e ações ampliar as discussões sobre a importância da luta antirracista para a superação das desigualdades sociais e para a construção de uma sociedade verdadeiramente livre e emancipada, buscando construir uma sociedade anti-opressora, que prioriza o lucro acima das vidas!!