A Ford anunciou nesta segunda-feira (11) que encerrará a produção de veículos em suas fábricas no Brasil em 2021. As unidades de Camaçari (BA) e Taubaté (SP) serão fechadas imediatamente, segundo a empresa, mantendo apenas a produção de peças para estoques de pós venda. A unidade da Troller, em Horizonte (CE), está prevista para encerrar as atividades no último trimestre de 2021.
De acordo com a empresa, permanecerão apenas o Centro de Desenvolvimento de Produto, na Bahia, e o campo de provas e sua sede administrativa para a América do Sul, ambos em São Paulo.
Em 2019, a Ford já havia encerrado a produção na fábrica de São Bernardo do Campo (SP). Em outubro, a fábrica do ABC paulista foi vendida para a Construtora São José e a FRAM Capital. Isto, após 52 anos de funcionamento.
O impacto do anúncio de fechamento das novas unidade será trágico para os trabalhadores. Camaçari será a mais afetada, uma vez que a empresa conta com aproximadamente 3.500 trabalhadores na área operacional daquela planta. Em Taubaté, há ao menos 830 funcionários, ligados à produção. Em Horizonte há 470 empregados.
Para além desses números dos que trabalham na montadora, há os empregos indiretos nas autopeças, de pelo menos 15 mil trabalhadores, os terceirizados e outros, o que significa um reflexo na cadeia produtiva de mais 5 a 6 demissões por posto da Ford.
No anúncio da empresa consta que “à medida em que a pandemia de Covid-19 amplia a persistente capacidade ociosa da indústria e a redução das vendas, resultando em anos de perdas significativas”.
“Está medida é um absurdo! A pandemia acelerou os planos de reestruturação da montadora. É cruel o fechamento da empresa em meio à pandemia. As demissões podem chegar a 5 mil somente de empregos diretos, mas podem atingir mais 5 a 6 empregos por posto fechado na Ford. Os trabalhadores não podem pagar pela crise”, repudia Luiz Carlos Prates, o Mancha, da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas.
Mancha chama atenção para todas as isenções fiscais que a empresa recebeu por inúmeras décadas e governos. “A empresa se beneficia de isenções fiscais e acha que pode deixar o país quando bem entender, quando seus lucros tiverem diminuído? Não!”, ressalta.
Um dos problemas apontados para redução de lucros são as remessas de lucro para o exterior, à empresa mãe. Por isso, Mancha defende que precisam acabar as remessas de lucro pelas montadoras que operam no Brasil.
Além da Ford, a Mercedes já havia anunciado em dezembro passado o fechamento da empresa no Brasil.
No anúncio, a Ford afirma que trabalhará em colaboração com os sindicatos para “minimizar os impactos do encerramento da produção”.
A CSP-Conlutas defende o contrário. “É preciso resistir. Não ao fechamento da empresa. Nenhuma demissão e estabilidade no emprego, já”, frisa Mancha, que faz um chamado às Centrais Sindicais brasileiras para que organizem uma luta unitária em defesa dos empregos e pelo não fechamento da Ford.
Não fechamento da Ford!
Nenhuma demissão. Estabilidade no emprego, já!
Fim das remessas de lucros das montadoras para o exterior!
Estatização sob controle dos trabalhadores da Ford e das empresas que demitirem!
Via cspconlutas.org.br