O documento “Carta aberta à humanidade“, assinada por figuras públicas como Chico Buarque, Leonardo Boff, Júlio Lancellotti, Zélia Duncan e outros, e que conta também com o apoio de organizações e entidades sociais e sindicais, denuncia que “o governo genocida de Bolsonaro deixou de ser apenas uma ameaça para o Brasil para se tornar uma ameaça global”.
A CSP-Conlutas assina o manifesto, junto das centrais sindicais CUT – Central Única dos Trabalhadores, Força Sindical, União Geral dos Trabalhadores, Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, Nova Central Sindical de Trabalhadores, Central dos Sindicatos Brasileiros, Central Geral de Trabalhadores do Brasil e Central do Servidor.
Os signatários pedem “urgência ao TPI (Tribunal Penal Internacional) na condenação da política genocida desse governo que ameaça a civilização”, e ação rápida do STF (Supremo Tribunal Federal), da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), o Congresso Nacional, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e as ONU (Organização das Nações Unidas).
No texto – confira na íntegra ao final da matéria – ainda é destacado que o Brasil se tornou uma “câmara de gás a céu aberto” e que o extermínio sistemático de nossa população atinge em cheio “os pobres, quilombolas e indígenas”.
É proibido chamar o governo genocida de genocida – O vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente, apresentou uma notícia-crime por calúnia, baseada em uma lei da ditadura militar, contra o empresário e youtuber Felipe Neto. A intimação tem sido denunciada como mais um caso de autoritarismo do governo de Bolsonaro e Mourão.
O suposto crime é o fato de o youtuber descrever em suas redes sociais o presidente Bolsonaro como “genocida” não somente pela má gestão no enfrentamento à pandemia como também pelas ações que estimularam a propagação do vírus no país.
A Polícia Civil do Rio de Janeiro esteve na casa de Felipe Neto nesta segunda-feira (15), em evidente e absurda ofensiva censora do governo, que tem demonstrado dura e crescente perseguição conforme se vê mais acuado pelas denúncias do genocídio em curso no país.
O youtuber se pronunciou a respeito da notícia-crime em suas redes sociais na noite de segunda (15), e afirmou que esta ação é uma “clara tentativa de silenciamento”, que “se dá pela intimidação”.
“Eles querem que eu tenha medo, que eu tema o poder dos governantes. Já disse e repito: um governo deve temer seu povo, NUNCA o contrário. Carlos Bolsonaro, você não me assusta com seu autoritarismo. Não vai me calar”, disse.
4º Ministro da Saúde em tempo de pandemia – Em transmissão realizada via internet por Bolsonaro, ele afirmou que o médico cardiologista Marcelo Queiroga, novo Ministro da Saúde,”tem tudo, no meu entender, para fazer um bom trabalho, dando prosseguimento em tudo que o Pazuello fez até hoje”.
Queiroga é o quarto ministro da pasta a ocupar o cargo em 12 meses de pandemia.
Em breve entrevista com a imprensa antes da reunião com o ministro Eduardo Pazuello, em Brasília, Queiroga afirmou que a política de saúde durante a pandemia do coronavírus “é do governo Bolsonaro, a política não é do ministro da Saúde. O ministro da Saúde executa a política do governo”, defendeu.
A continuidade do que, desastrosamente, já vem ocorrendo, preocupa a especialistas que defendem o isolamento social, o uso de máscaras e a vacinação em massa para conter a pandemia.
O médico João Gabbardo, do Centro de Contingência do Coronavírus de São Paulo, escreveu em sua conta oficial no Twitter que o “novo ministro assume falando na possibilidade do uso de cloroquina e etc.., descarta lockdown. Hoje, 16/3, quando assumir vai se deparar com os piores números da pandemia. Recorde de óbitos hoje será em alta escala. Sugestão: não se posicione contra o lockdown nacional”.
Manifesto na íntegra:
“MANIFESTO VIDA ACIMA DE TUDO. CARTA ABERTA À HUMANIDADE”
“Vivemos tempos sombrios, onde as piores pessoas perderam o medo e as melhores perderam a esperança.” Hannah Arendt.
O Brasil grita por socorro.
Brasileiras e brasileiros comprometidos com a vida estão reféns do genocida Jair Bolsonaro, que ocupa a presidência do Brasil junto a uma gangue de fanáticos movidos pela irracionalidade fascista.
Esse homem sem humanidade nega a ciência, a vida, a proteção ao meio ambiente e a compaixão. O ódio ao outro é sua razão no exercício do poder.
O Brasil hoje sofre com o intencional colapso do sistema de saúde. O descaso com a vacinação e com as medidas básicas de prevenção, o estímulo à aglomeração e à quebra do confinamento, aliados à total ausência de uma política sanitária, criam o ambiente ideal para novas mutações do vírus e colocam em risco os países vizinhos e toda a humanidade. Assistimos horrorizados ao extermínio sistemático de nossa população, sobretudo dos pobres, quilombolas e indígenas.
O monstruoso governo genocida de Bolsonaro deixou de ser apenas uma ameaça para o Brasil para se tornar uma ameaça global.
Apelamos às instâncias nacionais – STF, OAB, Congresso Nacional, CNBB – e às Nações Unidas. Pedimos urgência ao Tribunal Penal Internacional (TPI) na condenação da política genocida desse governo que ameaça a civilização.
Vida acima de tudo.
CSP-Conlutas