Aconteceu no dia 07 de abril o terceiro módulo do Curso de Formação Sindical da Adusb. Esta edição teve como tema “Ensino e Trabalho Remotos: Aprofundamento das Desigualdades Sociais, Raciais e de Gênero”, com a participação da presidenta do ANDES-SN, Rivânia Moura, que é professora da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte e doutora em Serviço Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, atuando na área de política social, com ênfase na previdência social, financeirização e crédito.
Realizada de forma virtual, os trabalhos foram abertos pela Secretária Regional da Adusb, em Itapetinga, professora Patrícia Araújo de Abreu Cara. Abrindo o debate, ela apontou um problema sério e preocupante: as mulheres são as mais afetadas na pandemia, com cerca de 40,5% apresentando sintomas de depressão, 34,9% de ansiedade e 37,3% de estresse. Destacou ainda a importância e agradeceu o trabalho de vários movimentos sociais, ainda mais relevantes em um período tão conturbado.
Rivânia iniciou com uma minuciosa contextualização que envolveu a pandemia e as desigualdades, deixando ainda mais visível quem é preconceituoso e individualista, quem é rico e quem é pobre. “A pandemia não trouxe a crise. Ela aprofundou mais e trará diferentes consequências para cada indivíduo”. Isso vai se refletir mais ainda em um futuro muito próximo, já que “o desdobramento das aulas on line pode ser muito grave, pois as oportunidades de hoje são bem diferentes entre as classes sociais”.
A situação se agrava, quando entram nessa equação o ensino e o trabalho remotos. “No âmbito da educação – para docentes e discentes, aconteceu uma coisa muito grave, que foi o rompimento [pela implantação do ensino remoto] da integralidade entre o ensino, a pesquisa e a extensão, porque todo nosso projeto de educação passa pela construção destes três importantes itens, que são indissociáveis e a pandemia rompeu muito com isso.”. Para Rivânia essa rachadura no processo educacional dificulta a formação da perspectiva crítica, que acontece através das trocas de experiências em espaços presenciais. As tecnologias ajudam bastante, mas não substituem uma sala de aula.
Outro tema abordado no curso foi o adoecimento na pandemia que atinge mais fortemente as mulheres, pois suas condições de trabalho estão ainda mais precarizadas. “A casa de todas as pessoas deixou de ser apenar o lar, passou a ser local de trabalho. Para as mulheres o trabalho entrou em suas casas, onde já tinha muito trabalho: cuidam da casa, dos filhos, das compras, de tudo. Assumindo uma carga muito maior, trazendo junto o adoecimento mental, psicológico e físico”.
As ações do Governo Federal, iniciadas em outubro de 2020, apontam para a expansão das aulas virtuais em universidades públicas. Mesmo com tantos problemas a resolver, a sociedade civil e a comunidade acadêmica devem se erguer para conseguir vencer essa pandemia, preservando o acesso e a permanência de todas e todos à educação pública. Os direitos conquistados por meio de lutas intensas não podem se perder.
“Não temos outra alternativa, enquanto classe trabalhadora, que não seja a luta, nossa organização e resistência. Esse momento de pandemia nos limitou a fazer atividades virtuais, saindo temporariamente dos nossos espaços que são as ruas [...]. Nosso desafio é manter a combatividade, com todas as limitações que se apresentam hoje.” Com um chamado para a luta, Rivânia finalizou o último módulo do Curso de Formação Sindical da Adusb.