O Brasil ruma aceleradamente à marca de meio milhão de mortos pela Covid-19. A pandemia segue sem controle, com transmissão em alta e apenas 11% da população recebeu as duas doses de vacina. Apesar do cenário trágico, Bolsonaro quer acabar com o uso de máscaras no país. Isso mesmo. Bolsonaro defende o fim do uso de um dos principais meios de se proteger contra o novo coronavírus.
Foi o que ele afirmou durante um evento no Palácio do Planalto nesta quinta-feira (10). Fazendo mais uma vez jus à pecha de “genocida”, declarou que pediu ao ministro da Saúde Marcelo Queiroga um parecer para que o governo faça um decreto para desobrigar o uso de máscaras para quem já está vacinado ou já foi contaminado pela Covid-19.
A declaração provocou reações imediatas de especialistas de saúde e sanitaristas, que classificaram os planos do governo como uma “temeridade”.
Primeiro porque o fato de já ter sido vacinado ou contaminado não impede que uma pessoa se contamine e siga transmitindo a doença. Ou seja, desobrigar o uso de máscara só irá agravar a disseminação do vírus diante de uma situação que já aponta para uma terceira onda da pandemia.
Especialistas também destacaram que o uso de máscaras só é admissível num quadro de vacinação em massa da população e redução do número de casos, internações e óbitos.
Em maio, os Estados Unidos dispensaram o uso de máscara por pessoas vacinadas na maioria dos ambientes, com exceção de hospitais e do transporte público. Entretanto, o país avançou qualitativamente na vacinação dos norte-americanos, em um quadro de estabilidade da pandemia. O que, notoriamente, não é a situação atual no Brasil.
Nesta quinta-feira (10), nosso país registrou o total de 482.135 óbitos, sendo 2.344 mortes apenas em 24 horas. O boletim epidemiológico da Fiocruz, divulgado nesta semana, alerta que o atual cenário da pandemia no Brasil é de “alto risco”. Afinal, além do inaceitável número de vidas perdidas, os dados revelam um elevado nível de transmissão e a volta do aumento na taxa de ocupação de leitos de UTIs em vários estados.
E, para piorar, a vacinação dos brasileiros e brasileiras é irrisória diante da totalidade da população. Segundo balanço atualizado até ontem cerca de 53 milhões de pessoas receberam a primeira dose, o equivale a 24,93% da população.
Já a segunda dose, condição para que haja de fato uma imunização contra a Covid-19, só foi aplicada em cerca de 24 milhões de pessoas, ou seja, apenas 11,11% da população.
O Brasil tem 213 milhões de habitantes.
Bolsonaro insiste em fake news
A tentativa de acabar com a obrigatoriedade do uso de máscaras é mais um capítulo da postura negacionista e genocida deste governo de ultradireita. Bolsonaro segue divulgando fake news, que vão contra a Ciência e o combate efetivo à pandemia.
Além da defesa do uso da cloroquina e do inexistente “tratamento precoce”, esta semana, sem qualquer prova, Bolsonaro afirmou que um relatório do TCU (Tribunal de Contas da União) apontou uma “supernotificação” dos números de mortos por Covid-19 no Brasil. O TCU desmentiu o presidente no mesmo dia e afirmou que não existe nenhum relatório oficial do órgão.
Desmascarado, Bolsonaro voltou atrás e falou num documento “inconclusivo”, produzido pelo auditor Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques. Investigações relevaram que o servidor tem ligações com os filhos de Bolsonaro e foi produzido em caráter pessoal pelo servidor. Alexandre foi afastado do cargo e está sob investigação.
#19J: Máscara, fica. Bolsonaro, sai!
Nas redes sociais, o mote “Máscara, fica. Bolsonaro, sai” já se espalhou. Mais uma vez, fica comprovado que esse governo de ultradireita é um empecilho ao combate à pandemia e está aplicando uma política da morte no país.
“Este governo boicotou a vacina, promove constantes aglomerações, é contra o uso de máscaras. É um governo da morte”, afirmou a servidora da Saúde de Natal (RN) e integrante da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas Rosália Fernandes.
“Bolsonaro defende a política da imunidade de rebanho, através da contaminação sem controle da população. Mas isso só leva à uma morte em massa. É genocídio”, disse Rosália.
“Este governo precisa ser derrotado. No próximo dia 19 de junho, temos de ir às ruas novamente e intensificar a mobilização rumo a uma Greve Geral Sanitária para por para fora Bolsonaro, Mourão, Queiroga e toda esse corja genocida”, concluiu.
Via cspconlutas.org.br