A cada dia, o governo Bolsonaro acumula mais escândalos com suspeitas de corrupção envolvendo a compra de vacinas contra a covid-19. Desta vez, um representante do Ministério da Saúde teria exigido da empresa intermediária a quantia de 1 dólar por cada dose comprada pelo governo.
Segundo o jornal Folha de São Paulo, que denunciou o suposto esquema na terça-feira (29), o valor da corrupção poderia chegar a quase R$ 1 bilhão pela compra de 200 milhões de doses da vacina AstraZeneca.
Quem realizou a denúncia foi Luiz Paulo Dominguetti Pereira, que se apresenta como representante da empresa Davati Medical Supply. Ele afirma que a exigência da propina foi realizada pelo diretor de logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, durante um jantar, em Brasília, no dia 25 de fevereiro.
Dias foi exonerado do cargo assim que a notícia veio à tona.
Ainda segundo Pereira, no encontro também estavam presentes um militar e outro empresário da capital federal. “Aí ele me disse que não avançava dentro do ministério se a gente não compusesse com o grupo (…) tinha que majorar o valor da vacina, que a vacina teria que ter um valor diferente do que a proposta que a gente estava propondo”, afirmou em entrevista.
Um dia após a conversa com Dias, Dominguetti teria uma nova reunião com o servidor público, no entanto, por não haver o pagamento da propina solicitada, o negócio com o Ministério da Saúde foi encerrado.
Outros casos de corrupção
A suspeita de corrupção está presente em outros dois episódios de compra de imunizantes. Ambos estão na mira da CPI da covid-19, no Senado.
No caso da compra superfaturada da vacina Covaxin, há o envolvimento direto do presidente Jair Bolsonaro. Segundo o depoimento deputado Luis Miranda (DEM), Bolsonaro teria sido alertado em março e, mesmo assim, não teria agido para evitar o crime de superfaturamento.
Mesmo sem o aval da Anvisa, o Ministério da Saúde assinou o contrato com um valor muito superior ao de outras vacinas já adquiridas. A Covaxin sairia por 15 dólares a dose, enquanto a Pfizer custou 10 dólares por unidade. Após a denúncia dos irmãos Miranda, o governo cancelou o contrato.
Também está sob suspeita a compra 60 milhões de doses da vacina Convidencia, através de mais uma empresa intermediária, a Becher Farmacêutica do Brasil, que também é investigada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público por fraude.
O valor da dose sairia por 17 dólares, ainda mais caro que a Covaxin. Desta forma também cai por terra a justifica governamental para a demora na compra da vacina Pfizer, já que Bolsonaro havia dito que um dos motivos era o alto preço do imunizante.
O papel de Ricardo Barros
Nos esquemas corruptos da Covaxin e Convidencia, há a participação direta do deputado Ricardo Barros (PP). Aliado de Bolsonaro e líder do governo na Câmara, Barros é figura emblemática do chamado Centrão, e já fez parte da base parlamentar dos governo Collor, Lula, Dilma e Temer.
Barros teria sido o nome dito por Jair Bolsonaro, ao tomar conhecimento do contrato superfaturado da Covaxin. Segundo o depoimento de Miranda à CPI, o presidente teria dito “isso é coisa do Ricardo Barros”, durante o encontro.
No caso Convidencia, Barros e os empresários bolsonaristas Luciano Hang, dono da Havan, e Carlos Wizard teriam feito lobby a favor da vacina e da aquisição através da Becher Farmacêutica. Em março, Hang e Wizard chegaram a fazer uma live com um dos sócios da empresa.
Barros também tem ligação o sócio da empresa, Daniel Moleirinho Feio Ribeiro, filho de Francisco Feio Ribeiro Filho, que, entre os anos 1980 e 1990, foi presidente da empresa de urbanização de Maringá, Urbamar, durante a gestão de Barros como prefeito da cidade.
Todos ao 3J! Fora Bolsonaro e Mourão, já!
Os novos acontecimentos tornaram claro o plano genocida capitaneado por Jair Bolsonaro contra a população brasileira. Enquanto o povo contava diariamente seus mortos pela covid-19 na casa dos milhares, o governo tratou a compra das vacinas com o interesse em desviar dinheiro para o benefício próprio.
Diante disso, a necessidade ir às ruas para exigir o Fora Bolsonaro e Mourão se tornou ainda maior. Por isso, a Frente Nacional Fora Bolsonaro convocou um novo dia de manifestações em todo o país para o sábado (3).
A CSP-Conlutas, em unidade com outras organizações, se incorporará ao calendário de luta e se mantém construindo pela base a Greve Geral Sanitária neste processo de mobilizações.
Confira, como ficou o calendário unificado pelo Fora Bolsonaro, já!
1 de julho: Plenária nacional da campanha Fora Bolsonaro;
3 de julho: Dia nacional de atos e manifestações pelo Fora Bolsonaro e Mourão, já!
24 de julho: Manutenção do dia de lutas e mobilizações em todo o país pelo Fora Bolsonaro e Mourão, como definido na última reunião da Frente Nacional.
Via cspconlutas.org.br