Centenas de milhares de manifestantes nas ruas das diversas cidades brasileiras neste sábado (24) clamando Fora Bolsonaro marcaram o 24 de julho como o maior dia nacional de luta desde o início da pandemia, mobilizando pessoas em todo o país. O quarto dia nacional de protestos contou com a presença massiva de movimentos sociais e populares, entidades sindicais e estudantis, que estiveram presentes em 488 atos, em 471 cidades do Brasil e também em outros 17 países.
Para a presidenta do ANDES Sindicato Nacional, Rivânia Moura, a classe trabalhadora sofre com as consequências do negacionismo diante da pandemia da Covid-19 e, por isso, é tão necessário ir para às ruas pedir o Fora Bolsonaro e Mourão, já que, mesmo diante da crise sanitária, o governo mantém uma política genocida, mais letal que o próprio vírus. ‘‘O modelo político imposto por Bolsonaro quer destruir os serviços ao privatizá-los para continuar promovendo um grande atentado à vida do povo brasileiro. Além da defesa da Educação Pública, a presença nas ruas afirma a vida acima dos lucros e se caracteriza como um dia nacional de luta contra a privatização das estatais que tem na mira mais recente os Correios, instituição indispensável para oferecer serviço ao conjunto do povo brasileiro que vai além da entrega de mercadorias e correspondência”, declarou a presidenta do ANDES-SN.
Ainda para Rivânia, entre as pautas do Sindicato Nacional, um dos motivos da mobilização é proteger a universidade pública, uma vez que o orçamento encaminhado pela União para 2021 não garante sequer a sobrevivência das instituições. “O que nos leva, como ANDES-SN, às ruas é acreditar na nossa força, na nossa coragem, é saber que todas as conquistas históricas da classe trabalhadora foram vitórias da nossa luta”, ressaltou.
Na capital do Rio de Janeiro, mais de 75 mil pessoas foram às ruas. Entre as pautas principais, a abertura do processo de impeachment, ampliação da vacinação contra a Covid-19 e aumento do auxílio emergencial. Na avenida Presidente Vargas, várias bandeiras do ANDES-SN compuseram o cenário em unidade com os diversos movimentos protestando em nome do povo brasileiro, da comunidade LGBT+, das pessoas com deficiência, de toda a classe trabalhadora e dos mais de 500 mil brasileiros que morreram de Covid-19. Rosineide Freitas, 2ª vice-presidente da Regional Rio de Janeiro do ANDES-SN, foi às ruas para juntar forças contra o governo Bolsonaro e mandou, de lá, o recado de que não haverá tréguas e as ruas serão constantemente ocupadas. ‘‘É preciso se mobilizar e fortalecer a unidade na luta. A cada novo ato, a classe trabalhadora toma as ruas do Brasil com o objetivo de demonstrar indignação e repulsa ao momento que atravessamos. A força das ruas vai derrubar Bolsonaro’’, ponderou Rosineide.
Já no Paraná, trabalhadoras e trabalhadores de Curitiba, Cascavel, Guarapuava e Foz do Iguaçu realizaram os maiores atos pelo Fora Bolsonaro até agora. Fran Rebelatto, 2ª secretária do ANDES-SN, esteve presente na praça da Paz, em Foz do Iguaçu, e por lá ressaltou que a união das pessoas nas ruas é necessária para construir a resistência e amplificar o grito que ecoa das ruas, que é por pão, vacina, saúde e educação. “Estamos vendo as pessoas cada vez mais pobres, partindo para a luta da moradia. A situação do país, nesse momento, exige a construção de uma grande greve geral, é preciso parar a produção e a circulação de pessoas em um país que matou mais de 500 mil pessoas. Iremos continuar resistindo”, disse.
Grito Fora Bolsonaro ecoa além das ruas do Brasil
No exterior, diversos atos em vários países ecoaram os gritos de Fora Bolsonaro. Em Tóquio, onde nesse momento acontecem as Olimpíadas, faixas com os dizeres "Jail Bolsonaro" se misturaram à paisagem. Em Dublin, na Irlanda, brasileiros foram até o memorial dos direitos humanos homenagear Marielle Franco. Em seguida, andaram até a embaixada brasileira para pedir o impeachment e questionar o embaixador. Alemanha, Áustria, Espanha, Portugal, e mais de 35 cidadespelo mundo também registraram manifestações.
Jennifer Susan Webb Santos, 3ª tesoureira do ANDES-SN, esteve presente no ato em Lisboa, Portugal, e, de lá, mandou um recado também pelo Fora Bolsonaro.
A força das redes
Além das ruas, a mobilização foi intensa durante todo o dia nas redes sociais. O ANDES-SN promoveu dois momentos de transmissões ao vivo durante o sábado. O primeiro, pela manhã, foi realizado no instagram @andes.sindicatonacional e contou com a presença de Rivânia Moura, presidenta do ANDES-SN, Rosineide Freitas, 2ª VPR Rio de Janeiro, Luiz Blume, 3º secretário do ANDES-SN e Fran Rebelatto, 2ª secretária do ANDES-SN, que pontuaram os motivos para ocupar as ruas neste #24J.
Já no período da tarde, foi realizada uma live no canal do youtube do ANDES-SN, na qual os diversos dirigentes sindicais do ANDES-SN em todo o país trouxeram depoimentos e cenas de ruas tomadas pelo povo exigindo Fora Bolsonaro e Mourão.
O evento virtual mostrou que o dia nacional de protestos mobilizou a classe trabalhadora. A transmissão ao vivo foi encerrada com a leitura, pela presidenta do Sindicato Nacional, de um poema de Vladimir Maiakóvski, que é também uma exortação à continuidade da luta até o final:
E então, o que quereis?
Fiz ranger as folhas de jornal
Abrindo-lhes as pálpebras piscantes.
E logo
De cada fronteira distante
Subiu um cheiro de pólvora
Perseguindo-me até em casa.
Nestes últimos vinte anos
Nada de novo há
No rugir das tempestades
Não estamos alegres,
É certo,
Mas também por que razão
Haveríamos de ficar tristes?
O mar da história
É agitado.
As ameaças
E as guerras
Havemos de atravessá-las.
Rompê-las ao meio,
Cortando-as
Como uma quilha corta
As ondas.
ANDES-SN