A imagem do ministro da Saúde Marcelo Queiroga fazendo um gesto obsceno para manifestantes, na segunda-feira (20), em Nova York, nos Estados Unidos, mais do que chocar pelo descontrole e falta de postura, é simbólica, pois expressa a completa incapacidade do governo de Bolsonaro e dos sucessivos ocupantes do Ministério da Saúde para combater a pandemia e defender a vida dos brasileiros (as).
Queiroga se incomodou com protestos contra Bolsonaro, mas segue incapaz de combater a pandemia que já matou quase 600 mil pessoas e está agravando a crise social no país, com piora nos índices de desemprego, inflação, fome e miséria.
Capacho do negacionismo
Um dia depois do episódio do dedo a manifestantes, Marcelo Queiroga anunciou que está com Covid-19. Ele é o segundo integrante da comitiva de Bolsonaro nos EUA a ter a doença detectada. Seria irônico, se não fosse trágico.
A pandemia tem apresentado tendência de queda no número de mortes pela Covid-19 , mas há uma ameaça de retrocesso, porque a vacinação segue de forma irregular nos estados e a flexibilização das medidas de prevenção tem sido cada vez mais acelerada e sem critérios.
Porque Bolsonaro boicotou a aquisição de vacinas no ano passado, só 40% da população foi completamente imunizada até agora com as duas doses da vacina contra a Covid-19. Os cientistas ressaltam que o patamar de cobertura razoável para conseguir bloquear a circulação do vírus é de pelo menos 70% de pessoas com esquema vacinal completo.
Há quem esperasse que a entrada de Marcelo Queiroga no Ministério da Saúde, um médico, no lugar do general Eduardo Pazuello, pudesse dar um mínimo de coerência da Pasta para enfrentar a Covid. Mas o que se viu é o mesmo padrão: para se manter no cargo, Queiroga reproduz a política negacionista e genocida de Bolsonaro.
Na semana passada, após pressão de Bolsonaro, o Ministério da Saúde chegou a publicar uma nota técnica em que orientava a suspensão da vacinação de adolescentes de 12 a 17 anos contra a Covid-19. A medida sofreu duras críticas de especialistas, sociedades médicas e governadores e foi ignorada. Isolado, o Ministério voltou atrás.
Ignorando a Ciência, o ministro também tem feito coro com o negacionismo dizendo que é contra a obrigatoriedade do uso de máscaras e o passaporte vacinal no país.
Sob o comando de Queiroga e seus antecessores, o Ministério da Saúde não realizou uma campanha efetiva de esclarecimento e prevenção contra a Covid, mas tornou-se um foco de corrupção. A CPI no Senado tem revelado que um esquema foi montado para cobrar propina em negociações de vacinas e superfaturar medicamentos, através de empresas como a Precisa Medicamentos e outros. Tudo com a participação da chefia da Pasta, incluindo militares, líderes do governo e até mesmo Bolsonaro.
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“Essa semana, na ida aos EUA, para a Assembleia da ONU, Bolsonaro, Queiroga e toda a comitiva deram mais um show de negacionismo e vexame internacional. Bolsonaro mentiu descaradamente sobre a crise no país, insistiu na política genocida do tratamento precoce e defendeu os atos golpistas de 7 de setembro”, destaca a servidora pública da Saúde e dirigente da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas Rosália Fernandes.
“Esse governo não vai parar com sua política de morte e, para se manter no poder, vai continuar tentando criar as condições para dar um golpe. É preciso deter esse bando de genocidas. Precisamos dar uma forte resposta nas ruas no próximo dia 2 de outubro, aumentar a pressão e construir uma Greve Geral para botar Bolsonaro, Mourão, Queiroga e toda essa corja para fora do governo, já”, afirmou.
Via cspconlutas.org.br