O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que mede a inflação oficial no Brasil, registrou aumento de 1,25% no mês de outubro. É a maior alta em 19 anos. Em doze meses, o índice bateu na casa dos 10,67%, os temidos dois dígitos que revelam que a alta nos preços atingiu patamares alarmantes que só fazem agravar as condições de vida dos brasileiros, principalmente os mais pobres.
Os dados foram divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta quarta-feira (11) e abrange famílias com renda de 1 a 40 salários mínimos. A última vez que o índice passou dos 10% foi em janeiro de 2016, quando foi registrada inflação acumulada em doze meses de 10,71%.
Gasolina acumula aumento de 42,72%
Todos os nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE subiram em outubro, com destaque para os transportes (2,62%), principalmente, por conta dos combustíveis (3,21%), que consequentemente acaba refletindo em outros segmentos, como alimentos.
A gasolina teve alta de 3,10%, impondo o maior impacto individual no índice do mês (0,19 p.p.). Foi a sexta alta consecutiva, que acumula 38,29% de variação no ano e 42,72% nos últimos 12 meses.
O grupo dos alimentos e bebidas (1,17%) foi a segunda maior contribuição (0,24 p.p.) no IPCA, puxado pelas altas no tomate (26,01%) e na batata-inglesa (16,01%), que fizeram acelerar a alimentação no domicílio (1,32%).
No grupo habitação (1,04%), mais uma vez, a alta foi influenciada pela energia elétrica (1,16%).
O gás de botijão (3,67%) também subiu pelo 17º mês consecutivo em outubro, acumulando alta de 44,77% desde junho de 2020.
Mais pobres, mais prejudicados
Como sempre são os mais pobres, os mais prejudicados. O INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), que mede a inflação para famílias com renda de 1 a 5 salários mínimos, acumula aumento de 11,08% em doze meses. Outubro também registrou a maior alta desde 2002, com crescimento de 1,16%, conforme também foi divulgado pelo IBGE, nesta quarta-feira.
A disparada da inflação acontece em meio a uma brutal crise social, em que também tem sido registrado o aumento do desemprego, da pobreza e da miséria no país. A realidade atual é marcada pelas imagens de famílias em filas para disputar restos de ossos.
Mesmo para quem hoje está empregado, entrar em um supermercado tornou-se uma dificuldade. Muitas famílias, por exemplo, optam por comprar cestas básicas já montadas com itens mínimos. Não é somente a carne que sumiu do prato de comida. Até o ovo está mais caro.
“A inflação exagerou. O gás tá custando R$ 110. Gasolina mais de R$ 7. Carne não tem mais como comer. A bandeja do ovo custa R$ 16. Antes dava para fazer quatro refeições por dia, hoje, tem gente quem almoça e janta, mas não tem como tomar café. Ou então, almoça, mas não janta”, relatou Diansis Rodolfo, trabalhador rural e morador em Presidente Bernardes (SP). “A verdade é que nós, trabalhadores estamos em grande dificuldade”, resumiu Rodolfo, que está integrando a Marcha pela Reforma Agrária, organizada pela FNL (Frente Nacional de Luta do Campo e Cidade).
A trabalhadora rural Diolinda Alves de Souza, de Teodoro Sampaio (SP), definiu que o povo brasileiro vive “duas epidemias ao mesmo tempo”. “O povo tá morrendo de doença e fome. Além da pandemia, em que vimos a irresponsabilidade desse governo genocida, agora vem a inflação, em que o pobre não está conseguindo comer, trabalhando ou não”, opinou. “Só vejo uma saída: é a gente começar a se manifestar, ocupar as praças e ruas para reivindicar o direito sagrado de ter uma alimentação digna e para exigir a saída desse governo. Fora Bolsonaro”, concluiu.
Com informações: IBGE
Via cspconlutas.org,br