5% de reajuste, não! Servidores devem intensificar a luta e ampliar as greves pela campanha salarial

Apenas 5% de reajuste salarial. É este índice rebaixado que, segundo a imprensa brasileira, o governo Bolsonaro irá oferecer aos servidores federais, a partir do dia 1º de junho. Caso se confirme a quantia, é fundamental que a categoria intensifique ainda mais as mobilizações com atos, paralisações e greves em todo o país.

Ainda que não seja oficial, o valor apresentado é um verdadeiro insulto. Além de não repor as perdas causadas pela inflação nos últimos 12 meses (10,74%), está muito aquém dos 19,99% exigidos pelo funcionalismo como reajuste emergencial. Este índice reflete as perdas durante o governo Bolsonaro até o fim de 2021.

Luis Henrique dos Santos Blume, da direção do ANDES-SN (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições do Ensino Superior), afirma que há uma série de questões a serem explicadas sobre o possível reajuste e que, até o momento, a posição oficial do governo é de não negociar com os servidores.

“Nós queremos que o governo abra negociação. Vamos solicitar mais uma vez uma reunião no Ministério da Economia para tratar da campanha salarial. Nossa pauta continua sendo a reposição da inflação emergencial, mas sabemos que há categorias com perdas de 30% a 40%. O índice de 5% não atende, definitivamente”.

Resposta ao movimento grevista

A realidade é que o governo federal teme que as paralisações e greves que ocorrem no INSS, Banco Central, Ministério Público do Trabalho e Receita Federal se alastrem para outros setores, o que colocaria o presidente em situação difícil para quem sonha com a reeleição. Além disso, há dezenas de categorias mobilizadas pelo Fonasefe realizando atos mês a mês.

“O receio fez o governo anunciar, por meio da imprensa burguesa, o reajuste de 5% a partir de julho. É um governo que se contraria sempre. Diz que iria colocar uma granada no bolso dos servidores e agora diz que haverá um aumento. Nós defendemos que isso deve ser oficializado com a negociação e que se receba as categorias em greve”, afirma Blume.

Em greve desde o dia 23 de março, há agências paralisadas do INSS em 26 estados. Já os companheiros do Banco Central decidiram pela manutenção da greve, na terça-feira (12). A atividade registrou um apoio de 80% dos participantes para manter os braços cruzados.

Ato em São Paulo

O possível reajuste de 5% e o descaso do governo com os servidores em greve foram temas do ato realizado na tarde desta quinta-feira (14), em frente ao Ministério da Economia de São Paulo. Participaram da mobilização na capital paulista trabalhadores do INSS e MPT.

Luís Genova, do Sindsef-SP, falou aos manifestantes sobre a história de luta do funcionalismo desde a ditadura e os inúmeros ataques aos direitos que outros governos também promoveram contra o setor. Para ele, atacar o servidor é atacar o fornecimento de serviços à população.

“Quem usa o serviço público é a classe trabalhadora e eles não querem que o trabalhador tenha direitos. Estes ataques brutais não começaram hoje, mas são parte da destruição do serviço público. Além de lutar, fazer greve e exigir a unidade, temos de chamar a população para a nossa luta. Não é sobre nosso salário. É um projeto de destruição do Brasil”.

Ato pelo reajuste realizado em frente ao Ministério da Economia, em São Paulo

 

Agenda de luta

Frente aos desdobramentos da campanha salarial, o Fonasefe, entidade que organiza os sindicatos dos servidores, irá realizar uma transmissão ao vivo nas redes sociais para debater o tema no dia 20 de abril.

Além disso, a entidade trabalha para o fortalecimento da semana de luta em Brasília, de 25 a 29 de abril. Na ocasião, pretende-se realizar uma paralisação de todas as categorias do serviço público no dia 28.

A CSP-Conlutas apoia a iniciativa do movimento paredista e acredita na união entre os setores para que a vitória seja alcançada. Trabalhadores do serviço público e da iniciativa privada poderão fazer juntos uma greve geral capaz de derrubar Bolsonaro e exigir medidas que realmente atendam os interesses da população.

 

CSP-Conlutas