As atividades docentes foram suspensas, nesta quarta-feira (27), nas Universidades Estaduais da Bahia (UEBA). A categoria realizou ato conjunto em Salvador, na Praça da Piedade, para denunciar o arrocho salarial e a falta de investimentos nas instituições de ensino. Na UESB, um café da manhã em frente aos portões dos campi de Vitória da Conquista e Itapetinga foi promovido para mobilizar a comunidade acadêmica e dialogar com a imprensa.
A delegação da Adusb, composta por mais de 20 docentes e representações de movimentos sociais, participou da atividade unificada. “Estamos aqui para denunciar a falta de diálogo do governo Rui Costa, para denunciar o arrocho salarial, para denunciar a falta de políticas para a universidade, que é tão importante para a sociedade baiana. São sete anos sem o reajuste linear da inflação e agora, em ano eleitoral, o governo Rui Costa vem nos oferecer uma esmola de 4%. Reajuste este que não cobre nem o índice da inflação de 2021, que ficou em quase 11%. Estamos aqui em defesa das universidades públicas, e a defesa das universidades públicas se faz também com respeito aos seus trabalhadores, com condições de trabalho, com investimentos”, pontuou Suzane Tosta, vice-presidente da Adusb.
Em janeiro, o Estado da Bahia autorizou um reajuste de 4% aos servidores públicos, além de um aumento conforme a carga horária de trabalho. Mesmo somados, os ganhos variam entre 7% e 9%, percentual muito abaixo da inflação acumulada do período, cerca de 50%. Além de insuficiente, o reajuste por carga horária também fere a estrutura da carreira, conforme o Estatuto do Magistério Superior (lei 8.352/02). Para o professor da UESB, Wesley Amaral, é necessário “um reajuste justo, que compense as necessidades dos docentes, das docentes, das Universidades Estaduais em relação ao processo inflacionário de sete anos”.
A categoria tem sentido fortemente os impactos do arrocho salarial, especialmente com o crescimento vertiginoso da inflação, alimentos e combustíveis. Alessandra Bueno, professora da UESB, considera a situação dos docentes das UEBA muito grave, pois “ainda que a gente tenha recebido em dia, o que é preciso levar em consideração é que nossa condição não é mais a mesma. O que nós poderíamos comprar, o que poderíamos adquirir, o conforto que poderíamos dar a nossa família há sete anos atrás não dá mais agora”.
As universidades resistem
Durante a atividade na Praça da Piedade, docentes da UESB, UESC, UNEB e UEFS apresentaram uma performance sobre o processo de sucateamento das Universidades Estaduais da Bahia. Falta de investimentos, desrespeito à autonomia universitária, falta de concursos públicos, desrespeito aos direitos trabalhistas e política de permanência estudantil precária foram alguns dos problemas apontados.
Movimentos sociais estiveram presentes para prestar solidariedade aos docentes por entenderem a importância das UEBA para a sociedade baiana, bem como a legitimidade da luta pela reposição salarial. Herberson Sonka, militante do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), denunciou o tipo de política que o Partido dos Trabalhadores (PT) tem adotado nas universidades. “Esse partido, eleito em uma onda de reconstrução democrática da Bahia, fez uma opção extremamente neoliberal. Vem sufocando, vem trazendo a teoria da jiboia, que envolve a universidade e quando se pensa que é um abraço, vai asfixiando, vai tirando o oxigênio, quebrando a coluna dorsal, arrebentando as universidades. Nós estamos aqui, enquanto movimento social, para garantir que a luta dessas universidades, sobretudo a luta da Adusb, que é de onde venho, possa resistir. Porque a luta da Adusb não é a luta corporativista. É uma luta que o movimento social reconhece. É uma luta que no Fórum Sindical e Popular de Vitória da Conquista tem uma importância significativa”, ressaltou.
Próximos passos
Apesar da força da mobilização e da grande repercussão midiática da paralisação desta quarta-feira (27), o governo Rui Costa permanece irredutível e ainda não retomou os trabalhos da mesa de negociação permanente. O presidente da Adusb, Alexandre Galvão, afirma que a categoria “sabe o quanto esse governo é duro e quantos ataques enfrentamos durante esses anos, mas não podemos abaixar a guarda. É momento de fortalecer a luta, ir para cima, pois só assim poderemos combater o arrocho salarial”.