Enquanto Bolsonaro só sabe fazer ameaças antidemocráticas, encenar conflitos com o STF (Supremo Tribunal Federal) e mantém uma política econômica ultraliberal que favorece apenas os poderosos, a vida real dos brasileiros está cada vez pior. O IBGE divulgou essa semana o IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15) que aponta a maior inflação para o mês de abril no Brasil em 27 anos.
O índice registrou alta de 1,73%, a maior desde 1995. O resultado ficou 0,78 ponto percentual acima do mês de março. Com isso, em 12 meses, a alta acumulada é de 12,03%.
A disparada inflacionária vem puxada por itens que têm forte impacto na renda das famílias: combustíveis, gás de cozinha e alimentos. De acordo com o IBGE, oito dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados no IPCA-15 tiveram altas de preços em abril.
A maior variação (3,43%) e o principal impacto (0,74 ponto percentual) vieram dos transportes. O grupo foi influenciado justamente pelo aumento dos combustíveis (7,54%). A gasolina teve alta de 7,51%, sendo o maior impacto individual no IPCA-15 do mês.
Segundo pesquisa divulgada essa semana pela ANP (Agência Nacional do Petróleo), o preço da gasolina aumentou pela segunda semana seguida e o preço médio do litro ficou em R$ 7,27, entre os dias 17 e 23 abril. O maior preço encontrado nos mais de 5 mil postos pesquisados foi de R$ 8,59 o litro. O menor valor encontrado foi R$ 6,19.
Também houve altas no óleo diesel (13,11%), no etanol (6,60%) e no gás veicular (2,28%).
Alimentos com preços nas alturas
Para quem vai ao supermercado não surpreende o fato de que o segmento de alimentação e bebidas veio na sequência do ranking dos grupos com maiores altos nos preços, depois dos transportes. A alta nesse setor foi de 2,25%, com impacto de 0,47 percentual no IPCA-15.
O resultado de alimentação e bebidas foi puxado pelos itens consumidos no domicílio (3%), com destaque para tomate (26,17%) e leite longa vida (12,21%).
Outros produtos também tiveram altas expressivas. É o caso da cenoura (15,02%), do óleo de soja (11,47%), da batata-inglesa (9,86%) e do pão francês (4,36%). A cenoura, aliás, acumulou disparada de 195% em 12 meses! Trata-se da variação mais intensa nessa base de comparação.
Preço do gás de cozinha compromete quase 10% do salário mínimo
A alta do gás de botijão (8,09%) teve o maior impacto (0,11 p.p.) em habitação (1,73%). Também subiram os preços do gás encanado (3,31%). A segunda maior contribuição no grupo (0,09 p.p.) foi da energia elétrica (1,92%).
O Observatório Social da Petrobras, organização ligada à FNP (Federação Nacional dos Petroleiros), destacou que gás de cozinha já custa quase 10% do salário mínimo. O botijão de 13 kg foi vendido em média a R$ 113,24 na última semana, o equivalente a 9,3% do salário, hoje em R$ 1.212. O valor é mais do dobro do auxílio gás pago pelo governo federal às famílias de baixa renda, de R$ 51.
O economista Eric Gil Dantas ressaltou que essa situação trouxe um primeiro efeito imediato, que foi o crescimento do uso de lenha pelas famílias brasileiras. “Entre os anos de 2013 e 2016, de acordo com dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a população consumia mais GLP do que lenha. Mas a partir de 2017, a lenha voltou a ser mais utilizada do que o gás de cozinha nas residências do país. E, em 2020, esse consumo já era 7% maior do que o de GLP”, afirmou à FNP.
Falta comida na mesa
No país, são mais de 116 milhões de brasileiros com algum tipo de insegurança alimentar, segundo dados da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede Penssan). Desses, conforme pesquisa feita em 2020, 43,4 milhões (20,5% da população) não contavam com alimentos em quantidade suficiente (insegurança alimentar moderada ou grave) e 19,1 milhões (9% da população) estavam passando fome (insegurança alimentar grave).
Vale destacar que o mapa da fome tem gênero e raça. Nos dados de 2020, em 11,1% dos domicílios chefiados por mulheres os habitantes estavam passando fome, contra 7,7% quando a pessoa de referência era homem. Das residências habitadas por pessoas pretas e pardas, a fome esteve em 10,7%. Entre pessoas de cor/raça branca, esse percentual foi de 7,5%.
Recente dossiê da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal de São Paulo concluiu que a cidade paulista vive uma crise humanitária sem precedentes, com aumento da miséria, da fome e falta de moradia atingindo milhares de famílias, situação que já impacta o atendimento na rede de saúde pública. Segundo o levantamento feito entre 1° e 1 de dezembro, cerca de 6 mil pessoas buscaram atendimento nas UBSs em consequência de sintomas por fome.
É hora de unificar as lutas para derrubar Bolsonaro e aplicar um programa para a classe trabalhadora
Essa carestia insuportável, que agrava a situação de fome e miséria da classe trabalhadora, principalmente dos mais pobres e setores oprimidos, acontece com o país registrando índices de desemprego e informalidade recordes e a renda dos trabalhadores cada vez mais arrochada.
Para a CSP-Conlutas, a dureza das condições de vida e a revolta contra a atuação dos governos é que têm alimentado as várias mobilizações por salários e direitos atualmente em curso no país, que apontam para a necessidade de unificação das lutas e a construção de uma greve geral para derrubar o governo Bolsonaro e adotar medidas contra a fome, miséria, carestia e desemprego.
Confira o Programa Emergencial dos Trabalhadores para Enfrentar a Crise Econômica e Social lançado pela Central, que entre os principais pontos defende a revogação integral da Reforma Trabalhista, o congelamento dos preços dos combustíveis, alimentos e tarifas, o aumento geral dos salários, a garantia de moradia digna para todos, a suspensão do pagamento da Dívida Pública, entre outros.
CSP-Conlutas