
Em uma onda de mobilização por todo Brasil, servidoras/es técnicas/os federais de diversas universidades brasileiras reivindicam, entre outras pautas, reposição salarial, como é o caso das/os sindicalizadas/os ao Sindicato dos Trabalhadores Técnico-Administrativos em Educação das Universidades Públicas Federais no Estado da Bahia (Assufba) da Universidade Federal da Bahia (UFBA), que entraram em greve na última segunda-feira, 11 de março. O sindicato também representa a UFOB, UFRB e UFSB, onde as/os TAEs também deflagraram greve.
“A nossa greve tem dois eixos. O primeiro, vamos dizer específico da nossa categoria, diz respeito à reestruturação do PCCTAE (Plano de Carreira dos Cargos Técnico-Administrativos em Educação). Desde que Dilma [Rousseff] sofreu golpe, a gente não tem nenhum reajuste no nosso salário, a gente está com um dos piores salários do Serviço Público Federal”, explica Diogo Souza, diretor da Assufba e membro do comando local de greve na UFBA do Campus Anísio Teixeira, em Vitória da Conquista.
A categoria tem cerca de 50% de perdas salariais e reivindica a recomposição do que foi perdido devido à inflação, as chamadas "perdas inflacionárias". Outro pleito da categoria é a reestruturação da carreira, de forma a atender à nova realidade do trabalho das/os técnicas/os-administrativos/as, compreendendo a sua evolução no serviço público, com reconhecimento das funções que têm nas instituições. Diogo ainda afirma que “muitas carreiras já deixaram de desistir e a gente ainda continuou com o mesmo plano defasado”.
O segundo eixo de luta da categoria traz a pauta da atenção às universidades em sua integralidade. O diretor da Assufba expõe que o “orçamento congelado não consegue abarcar as novas necessidades que a universidade tem e esse é um ponto importante. Não estamos vendo uma iniciativa do governo em fazer aquilo que a gente chamava de ‘revogaço’, que é revogar as medidas que foram tomadas no governo Temer e no governo Bolsonaro”,
As/os servidoras/es também lutam por pautas caras e muito antigas das universidades brasileiras, como o fim da lista tríplice. “O que a gente quer é que os reitores sejam eleitos pela universidade, que a universidade tenha realmente uma autonomia para eleger seus reitores, que a gente possa ter essa autonomia de escolher e que não seja uma deliberação do presidente”, finaliza o diretor sindical.
Apoio e agenda de mobilização
A semana de 11 a 15 de março está repleta de mobilizações e assembleias da categoria. Na última quarta-feira, 13 de março, trabalhadoras/es e discentes da UFBA foram às ruas de Salvador, em luta pela pauta geral do movimento unificado, como abertura de mesas de negociação e descongelamento das verbas paras as universidades federais.
Durante o 42º Congresso do Andes-SN, que aconteceu entre os dias 26 de fevereiro e 1º de março, em Fortaleza (CE), o setor das IFES (Instituições Federais de Ensino Superior) aprovou a construção da greve do ANDES-SN ainda no primeiro semestre de 2024, com o intuito de construir uma greve da educação. No dia 6 de março, uma circular do Sindicato Nacional apontou a necessidade de uma rodada de assembleias entre os dias 11 e 21 de março, com o intuito de discutir o rumo a uma greve unificada de docentes do setor. Como o ANDES-SN é um sindicato que se organiza pela base, a deflagração da greve aprovada no 42º Congresso deve obrigatoriamente passar por deliberação das assembleias de base.
A Adusb se solidariza ao movimento e entende que são urgentes a recomposição das perdas inflacionárias, a reformulação do PCCTAE e a valorização das universidades públicas. As instituições de ensino superior estaduais da Bahia têm reivindicações muito parecidas com as das IFES, visto que o desinvestimento no ensino público e de qualidade é o modus operandi do governo estadual da Bahia. Além disso, docentes das UEBA amargam quase 50% de perdas salariais. O governo Jerônimo Rodrigues segue no caminho de seu antecessor, se recusando a negociar com o movimento docente das UEBAs e a política de não reposição das perdas inflacionárias das/os servidoras/es estaduais é como o governo petista tem agido há 9 anos na Bahia.