Docentes da UEMG decidem pela continuidade da greve

Após 40 dias em greve, as e os docentes da Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg) decidiram por maioria pela continuidade do movimento paredista, em assembleia geral realizada nessa quarta-feira (12), na Escola de Design da universidade. Cerca de 200 professoras e professores da capital e do interior participaram da assembleia. Ao final do dia foi realizado um ato na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte (MG).

 

Aos gritos de “Não vai ter corte, vai ter luta!” e de “Fora, Zema!”, a categoria denunciou as ameaças do governo de Romeu Zema (Novo) de corte da ajuda de custo dos e das grevistas e de não cumprimento do acordo de greve de 2016. Professoras e professores seguem mobilizados em 19 das 22 unidades acadêmicas, localizadas em Belo Horizonte e em outras 15 cidades mineiras, sendo que 70% da categoria está em greve. O governo Zema se nega a negociar e apresentar propostas à categoria, que luta por recomposição salarial e orçamentária para a universidade, melhores condições de trabalho, entre outras reivindicações.

Audiência Pública na Assembleia Legislativa de MG
Uma audiência pública foi realizada, na manhã dessa quarta-feira (12), na Comissão do Trabalho, da Previdência e da Assistência Social da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) para debater as condições de trabalho das e dos docentes, técnicos e técnicas e analistas da Uemg. Participaram representantes do ANDES-SN, da Associação de Docentes da Uemg (Aduemg SSind.), da Associação de Docentes da Universidade Estadual de Montes Claros (Adunimontes SSind.), da Uemg, da Secretaria de Educação, do movimento estudantil, entre outros.

A 2ª tesoureira da Regional Leste do ANDES-SN, Wilma Lucena, falou da importância da greve para as conquistas. “Tudo que nós temos que diz respeito às nossas condições de trabalho são resultado de luta e de greve. Greve é um momento de formação política, quando professores, professoras e estudantes se mobilizam para lembrar que, enquanto trabalhadores e trabalhadoras, nós temos direitos a serem reivindicados”, afirmou Wilma, que é docente da Uemg. 

Segundo a diretora do ANDES-SN, várias pautas firmadas no acordo de 2016 não se concretizaram. “Não faltam recursos, falta diálogo, boa vontade e compromisso com as universidades por parte do governo de Minas. Exigimos do governo que, de fato, se avance no atendimento das nossas pautas. Estamos cansados de ouvir não. Estamos aqui mais uma vez denunciando os ataques do governo Zema aos servidores do estado”, ressaltou.

A docente da Uemg ainda comentou sobre os ataques ao Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg) e repudiou o reajuste de 4,62% que o governo conferiu aos servidores públicos de MG. “Não recompõe as perdas salariais, não representa absolutamente nada no nosso contracheque. A categoria docente hoje é uma categoria adoecida. O ANDES-SN tem um estudo, feito em âmbito nacional, do adoecimento mental e físico dos professores. Esse adoecimento tem a ver com a produtividade insana, com as cobranças”, criticou.

Sucateamento das universidades estaduais de MG
O presidente da Adunimontes SSind., Ildenilson Meireles Barbosa, fez um discurso impactante, durante a audiência pública, sobre o projeto de Zema de destruição das universidades estaduais mineiras e destacou a quão sucateada está a Unimontes. “Não temos servidores e servidoras na universidade para o trabalho técnico e administrativo, para atender os departamentos, para atender os mais de 20 cursos de pós-graduação em nível de mestrado e doutorado. Todo o trabalho administrativo é feito hoje por estudantes que fazem estágio. É caótico”, disse.

De acordo com Barbosa, tanto os professores, professoras, técnicos, técnicas e analistas da universidade e do Hospital Universitário não podem tirar licença, pois são punidos e, por isso, trabalham doentes. “Temos registros na universidade de servidores trabalhando com muleta, com gesso, porque não podem tirar licença por causa do desconto, por causa da punição severa do estado sobre os trabalhadores e as trabalhadoras, o que é uma tragédia”, denunciou.

O presidente da Adunimontes SSind. destacou o apoio à greve da Uemg, pois são alvos do mesmo projeto. “É o projeto de destruição das duas universidades públicas mineiras pelo governo. Uma complexa devastação”, lamentou.  

Túlio Lopes, presidente da Aduemg SSind., denuncia ameaças do governo Zema na ALMG. Foto: Divulgação/Aduemg SSind.

Conquistas da greve da UEMG após 40 dias
O presidente da Aduemg SSind., Túlio César Dias Lopes, avalia que a greve avançou em algumas pautas importantes como a garantia de concursos para as e os docentes, técnicas e técnicos administrativos e analistas, verbas para a construção de dois restaurantes universitários, garantia de pagamento por titulação dos contratados, manutenção da ajuda de custo em casos de licença, reajuste contemplando a inflação de 2023, recomposição de parte do orçamento e a formação de dois grupos de trabalho sobre dedicação exclusiva e alteração de regime de trabalho 20/40.

“Contudo, o governo Zema segue não cumprindo o acordo de greve, desrespeitando a autonomia universitária e ameaçando docentes com o corte da ajuda de custo dos grevistas. A greve em defesa da Uemg continua e, na avaliação do Comando Local de Greve, a culpa é do governo Zema. Não aceitaremos corte na nossa ajuda de custo e seguiremos na luta por nenhum direito a menos na perspectiva de avançar rumo a novas conquistas. A greve tem que continuar até que o governo apresente propostas concretas”, evidenciou.

Uma nova assembleia geral da Aduemg SSind., segundo Lopes, será realizada no dia 20 de junho, em Divinópolis, na região centro-oeste de Minas Gerais.