Mulheres em luta | Evento do Dia Internacional de Luta da Mulher Trabalhadora destaca resistência e direitos em Jequié

No dia 9 de março, mulheres de diversas idades e realidades se reuniram em Jequié para um evento em comemoração ao Dia Internacional de Luta da Mulher Trabalhadora. Organizado pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) em parceria com a Associação dos Docentes da Uesb (Adusb), o evento foi um espaço de debate e fortalecimento das lutas femininas, com ênfase na resistência contra as diversas formas de violência e opressão.

Durante a plenária, foram compartilhados relatos sobre as dificuldades enfrentadas pelas mulheres, especialmente aquelas atingidas por alagamentos, que sofrem com a perda de seus lares e da sua autonomia econômica. A professora da Uesb e diretora da Adusb, Mainara Frota, destacou a recorrência das histórias de agressão e violência que marcam a vida das mulheres. “É como se o corpo da mulher existisse nesse mundo enquanto corpo ferido, atravessado por múltiplas camadas de violência. E isso se reflete não apenas na vida privada, mas também na dificuldade de ocupar espaços de poder e decisão”, afirmou.

A discussão abordou também a chamada economia do cuidado, questionando a sobrecarga das mulheres no trabalho doméstico e no cuidado com filhos e familiares. Mainara ressaltou a necessidade de ampliar esse debate e combater a normalização dessas desigualdades. “Quem é que cuida? Quem compartilha esse cuidado dentro da esfera doméstica? A sociedade precisa repensar esses papéis e desconstruir a ideia de que essa é uma responsabilidade exclusivamente feminina”, pontuou.

Silvana do Nascimento, vice-presidenta da Adusb em Jequié, reforçou a importância da luta coletiva para transformar essa realidade. Em sua fala, destacou que ser mulher é fazer parte de uma grande diversidade de identidades e trajetórias e que todas merecem respeito e dignidade. “Seja ela cis, transexual, travesti, lésbica, bissexual, preta, branca, indígena, jovem ou idosa, todas as mulheres enfrentam desafios e precisam ser reconhecidas em sua pluralidade”, declarou.

O evento também foi um espaço de reivindicação de direitos, com pautas como moradia, trabalho digno e combate ao feminicídio. “Chega de nos violentar, chega de nos matar. Precisamos lutar para que os nossos corpos possam transitar de forma respeitosa em qualquer lugar”, afirmou Silvana, citando a revolucionária Rosa Luxemburgo e lembrando que só a luta muda a vida.

Ao final, o encontro reforçou a necessidade de as mulheres seguirem mobilizadas por uma sociedade mais justa e equitativa. Com a presença de crianças, jovens e mulheres de diferentes gerações, o evento em Jequié demonstrou que a construção de um mundo sem opressões é um compromisso coletivo que deve ser assumido por todas e todos.