O governador Rui Costa (PT), nesta sexta-feira (24), mais uma vez deu provas de sua truculência e inabilidade para negociação. Por meio de uma nota da Secretaria de Educação (SEC), o governo distorce informações sobre as reuniões realizadas com o Fórum das Ads nos dias 18/7 e no dia 24/07. Após ameaçar a categoria com a repressão policial, agora ameaça os professores com o corte de salário. A categoria em greve há mais de 70 dias aprovou, na quinta-feira (23), a manutenção do Movimento Grevista na UESB, UESC, UEFS e UNEB, sem votos contrários, demonstrando que não teme o autoritarismo e a repressão do governo petista. Já esta agendada uma nova mesa de negociação para segunda-feira (27) às 15h, em Salvador.
A nota oficial afirma que as assembleias não autorizaram a assinatura da minuta de acordo apresentada durante a ocupação da SEC, no dia 18 de julho, o que leva o leitor a acreditar que a categoria não está disposta a negociar. Não satisfeito, o governo propositadamente omite a informação de que o Fórum das ADs declarou, na mesma reunião, que a minuta carecia de ajustes e que as assinaturas indicam somente o recebimento do documento, não a anuência com o mesmo. Além disso, manipula dados do orçamento global das Universidades para tentar tirar a legitimidade da reivindicação de mais recursos para o orçamento de investimento, manutenção e custeio.
O Fórum das ADs é responsável e, diferente do Governo, não distorce informações. Na reunião do dia 24 de julho, os representantes docentes apresentaram a posição das assembleias sobre a necessidade de ajustar a minuta de acordo, entregaram o documento consolidado no Fórum e reforçaram a necessidade de dar celeridade ao processo de negociação.
Cumpre informar que as assembleias docentes avaliaram a minuta como um avanço conquistado por meio da luta. Todavia, precisa de ajustes para assegurar verdadeiramente a autonomia universitária e fluxo para os direitos trabalhistas. A categoria entendeu como imprescindível recompor os cortes feitos pelo governo do PT nas verbas de manutenção, investimento e custeio, quase R$ 19 milhões no últimos dois anos, ainda que esse valor represente muito pouco no orçamento global do estado da Bahia, que acumula superávits e aumentos de arrecadação. Vale lembrar que essas verbas são responsáveis por todo funcionamento das Universidades e sua redução afeta diretamente as atividades de ensino, pesquisa e extensão. Em nenhum momento durante a construção da minuta o Fórum das ADs se comprometeu em assinar o termo, pois as Associações Docentes são organizadas pela base e apenas suas assembleias tem autoridade para decidir os rumos do Movimento.
Como se não bastasse a violência empregada pelo governo ao tentar intimidar o Movimento Grevista com a Equipe de Rondas Especiais da Polícia Militar (Rondesp) durante a ocupação da SEC, o governo da Bahia afirma com todas as letras que está disposto a ferir o direito constitucional de greve para chantagear a categoria. O corte de salários durante as greves no serviço público fazem parte da tradição política autoritária da Bahia, absorvida e continuada pelos governos petistas. O Movimento Docente nunca se deixou intimidar com constrangimento financeiro. Duras greves foram feitas mesmo sem vencimentos, pois os professores entendem que a luta faz toda diferença.