Na última semana, o líder do governo na Assembleia Legislativa, deputado Zé Neto (PT), comparou os gastos entre estudantes de Universidades Públicas e Instituições Privadas de Ensino Superior (IPES). O parlamentar chegou a afirmar que alunos de IPES custam até quatro vezes menos que os das Universidades Estaduais da Bahia. O absurdo paralelo estabelecido reflete o posicionamento do Governo Petista em privilegiar o investimento em empresas privadas, colocando em cheque a qualidade da educação pública e a produção do conhecimento no Brasil.
Cálculos equivocados
Segundo o deputado, estudantes da UEFS custam cerca de R$ 2.500 por mês, enquanto em Instituições Privadas o recurso empregado varia de R$ 600 a R$ 1.000 mensais, exceto estudantes do curso de medicina. Ou seja, o representante do governo comparou uma Universidade pública que contribui para o desenvolvimento e a modificação da realidade da região, com uma empresa que mercantiliza a educação em busca de lucro.
Além disso, é falso afirmar que um aluno em uma instituição privada custa menos que no setor público. Estudos feitos em 2004 na USP e na UnB comprovaram que os recursos utilizados para manter um estudante são iguais ou menores que em uma instituição privada, desde que em um mesmo curso. Os números apresentados pelo deputado distorcem os dados e confunde a população, pois utiliza como base de cálculo o orçamento total da instituição e divide pelo quantitativo de alunos. Esse cálculo considera despesas das UEBA que vão além do ensino, como pesquisa, extensão e infraestrutura e visa justificar o descompromisso do Governo Rui Costa com a população atendida pelas Universidades Estaduais da Bahia.
Mercantilização da educação
Posicionamentos como este demonstram o interesse do governo da Bahia em aplicar a mesma política do governo federal de injetar recursos na iniciativa privada, como acontece com o Prouni e o Fies. As empresas são as que se beneficiam com esse modelo de investimento. Mais de 70% do ensino superior brasileiro é privado. Com a garantia do repasse governamental proveniente do Fies e Prouni, tais empresas não precisam se preocupar com inadimplência, reajustes, criação de plano de carreira para funcionários, infraestrutura e mesmo com a qualidade de seus cursos.
A educação nunca foi algo tão lucrativo. O grupo Kroton-Anhanguera sozinho recebeu em 2014 mais de R$ 2 bilhões do governo federal e tem cerca de 40% do seu faturamento total vinculado aos programas citados. As empresas realizam ainda lobby no Congresso para defenderem seus interesses e avançarem com a privatização da educação no Brasil. Contam inclusive com uma Frente Parlamentar de Apoio ao Ensino Superior Privado que em 2008 era formada por 171 deputados e 36 senadores das bases aliada e opositora.
Fonte: Adusb com informações do Estadão, Carta Capital, Folha de SP e Portal Municípios Baianos
Foto: Bocão News