Com o objetivo de discutir o cenário político no país e as alternativas para a classe trabalhadora, a Adusb promoveu um importante debate no dia 5 de abril. O evento contou com a ampla participação da comunidade acadêmica da UESB, sindicatos e movimentos sociais da região. O debate foi conduzido por Hamilton Assis (Resistência e Luta: Corrente Sindical e Popular), Fábio Bezerra (Unidade Classista), Alexandre Garcia (Sindicalistas do Projeto Popular) e Atnágoras Lopes (CSP-Conlutas).
A presidente da Adusb, Márcia Lemos, ressaltou na abertura do evento a autonomia do sindicato em relação aos partidos políticos, governos e reitorias. Também lembrou a desfiliação da Adusb da Central Única dos Trabalhadores (CUT) desde 2004 e a sua filiação à CSP-Conlutas desde então. A presidente convocou a comunidade universitária a analisar a conjuntura política sob a perspectiva dos trabalhadores, a partir de uma reflexão sobre os reais problemas do Brasil e seus promotores, como o pagamento da dívida pública; a alteração dos direitos trabalhistas ao arrepio da constituição; o sangramento do erário público para beneficiar o capital financeiro e a drástica redução dos investimentos em educação e saúde com a finalidade de ampliar a privatização desses setores.
Para Hamilton Assis, a saída encontrada pelo PT em seu momento de fragilidade foi atacar os trabalhadores, com a retirada de direitos e o ajuste fiscal, por exemplo. A corrupção é vista como a principal ferramenta de governabilidade no Brasil. Assis acredita que é preciso “tensionar o governo Dilma pela esquerda” e que “aos trabalhadores desse país só resta a luta”. O desafio, portanto, consiste em unificar a classe trabalhadora combativa.
Fábio Bezerra entende que o Brasil deve romper com a lógica do endividamento público, pois mais da metade do PIB do país é entregue ao capital financeiro. São esses credores da dívida os financiadores dos parlamentares governistas e da oposição de direita. Neste momento de crise, os lucros dos banqueiros crescem exponencialmente. Para Bezerra, o golpe já está sendo dado há tempos contra a classe trabalhadora. “É preciso unidade e luta para resistir ao avanço sobre nossos direitos”, afirma Fábio.
No entendimento de Alexandre Garcia, o problema do Brasil é centralmente político. Há um golpe em curso promovido pelos setores mais conservadores do país. A imprensa tem trabalhado duramente para manipular a população em benefício da direita. Apesar disso, “não há expectativa de que o governo dê uma guinada à esquerda”, afirma. Garcia defende a construção de uma frente de luta ampla e organizada, além de uma nova constituinte para o Brasil.
A CSP-Conlutas compreende o momento não como uma dicotomia entre direita e esquerda, mas como uma disputa entre blocos burgueses. “O que define o caráter político de um governo não é a sua origem de classe”, pontua Atnágoras Lopes. Portanto, ter nascido no seio da classe operária não garante ao PT o título de partido de esquerda, quando suas políticas passam longe de atender aos anseios da classe trabalhadora. Lopes também acredita que não há como defender um governo que demite 170 mil na Petrobrás e que deixou de criar milhões de vagas no ensino superior público para investir na iniciativa privada. Atnágoras convocou os presentes a participarem das atividades da CSP-Conlutas no 1º de maio e colocou a central como ponto de apoio da classe trabalhadora. “Devemos ter autonomia e ousadia”, finaliza.
A Adusb, com mais esta atividade, vem cumprindo o seu papel de buscar construir, com a categoria, uma análise sobre a realidade concreta. Desde o inicio de 2016, a seção sindical vem trazendo convidados para contribuir com esta análise. O debate continua no dia 26 de abril colocando em foco a Reforma Agrária no Brasil.