Enquanto os projetos de lei do Movimento Escola Sem Partido (ESP) tramitam por todo país, a sociedade organiza o seu combate. No dia 13 de julho, sindicatos, parlamentares, movimentos sociais e populares criaram a Frente Nacional contra o ESP (Escola Sem Mordaça). A organização que já conta com mais de 100 entidades tem feito ampla mobilização contra a aprovação dos PLs em caráter federal, estadual e municipal.
Professores e estudantes têm travado um enfrentamento intenso nos Estados e Municípios contra o Escola Sem Partido, com a denúncia de episódios de perseguição e assédio policial motivadas por acusações de “doutrinação ideológica”. Um exemplo disso foi o caso acontecido no interior do Paraná, onde estudantes do Colégio Estadual Professora Maria Gai Grendel se mobilizaram pelo retorno de uma docente afastada por falar de Karl Marx em sala de aula.
Contudo, diante do avanço contra direitos sociais e o Congresso mais reacionário desde a ditadura militar é necessário uma reação urgente. “Não são mais suficientes as iniciativas isoladas, não basta mais levantar a voz no espaço de nossas casas ou mesmo em nossas salas de aula é necessária uma ampla organização. É hora de reunir todas as entidades, sindicatos, associações, partidos, organizações da sociedade civil, parlamentares, etc, ombro a ombro contra esse insulto à democracia e ode aos anos de chumbo” afirma o manifesto da Frente Escola Sem Mordaça.
A Frente é sem dúvida uma ferramenta de luta da classe trabalhadora. Em um salão lotado do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ, as entidades presentes no lançamento discutiram a necessidade de barrar o avanço da onda conservadora nas diretrizes escolares. Esse encontro possibilitou visualizar uma unidade mais ampla de mobilização dos trabalhadores, bem como a necessidade de construir a greve geral no Brasil.
A retirada da política de combate às opressões dos espaços formais de educação deixa o caminho livre para que a escola se torne mais um espaço de propagação do ódio, assim como a mídia hegemônica. O que o Escola Sem Partido chama de doutrinação é uma visão crítica, no sentido de educar para transformar. Não existe neutralidade do conhecimento. Ao defender esse mito, o ESP claramente pretende tornar hegemônica a ideologia burguesa em sala de aula e tenta evitar que a produção de conhecimento seja fruto de uma pluralidade de pensamento.
Agenda de mobilização
Em reunião ocorrida no dia 19 de julho, a Frente Escola Sem Mordaça deliberou pela realização de atividades como o Dia Nacional de Luta contra o Projeto Escola Sem Partido (11 de agosto), produção de materiais didáticos sobre o tema e divulgação. O indicativo é de que a Frente seja construída pelos Estados e Municípios para barrar os projetos locais e estaduais do ESP. Além disso, a Frente fará ações no Congresso Nacional para dialogar com parlamentares sobre os riscos dos PLs e impedir que sejam aprovados.
Com informações do Andes-SN