20 de novembro: Dia da Consciência Negra

Comemorado há mais de 30 anos por ativistas do movimento negro, o dia 20 de novembro – Dia da Consciência Negra é uma importante data de luta e resistência negra contra o racismo estrutural e institucional que se mantém até os dias de atuais em nosso país.  A data foi escolhida em homenagem a Zumbi dos Palmares, principal representante da resistência negra à escravidão na época do Brasil Colonial e que liderou o Quilombo dos Palmares, comunidade livre formada por escravos fugitivos dos engenhos, índios e brancos pobres expulsos das fazendas. Em 2003, o dia foi incluído no calendário escolar nacional, mas somente em 2011, o 20 de novembro virou lei nacional (n°12.519), quando foi instituído oficialmente o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra. A data é feriado em mais de mil cidades brasileiras.

Segundo Cláudia Durans, 2ª vice-presidente e uma das coordenadoras do Grupo de Trabalho de Políticas de Classe, Etnicorraciais, Gênero e Diversidade Sexual (GTPCEGDS) do ANDES-SN, o dia 20 de novembro tem um significado importante para a luta histórica do movimento negro no Brasil. “Celebramos o dia e o mês da Consciência Negra em resposta à situação objetiva em que vive a população negra no Brasil. Vivemos um processo de maior precarização e terceirização do trabalho dos negros e negras, de muita violência, extermínio e encarceramento da população negra”, afirma a docente.

Para Cláudia Durans, a população negra brasileira tem se levantado contra essa situação ao longo dos últimos anos. A diretora do Sindicato Nacional cita, como exemplos, os levantes contra os assassinatos de Amarildo e de Cláudia Silva, os rolêzinhos da juventude, a greve dos garis, e, também, a ocupação de escolas públicas, como formas de resistência dos negros e negras no Brasil.

Violência

Dados do Anuário de Segurança Pública de 2016 apontam que a cada nove minutos uma pessoa morre vítima de arma de fogo no país. Ainda de acordo com o levantamento, destes, 54% são jovens, entre 15 e 24 anos, e 73% são negros e pardos. A juventude negra é a maior vítima da violência no Brasil. Este ano, cinco jovens foram brutalmente assassinados na zona leste de São Paulo. Os corpos foram encontrados neste mês (6), numa área rural em Mogi das Cruzes, interior paulista. As investigações apontam a participação de guardas civis na chacina que teria sido motivada após a morte de um Guarda Civil Municipal de Santo André.

Números divulgados pelo Mapa da Violência 2016 mostram também que a vitimização da população negra no país que, em 2003, era de 71,7% (morrem, proporcionalmente, mais negros que brancos), pula para 158,9%, em 2014. Enquanto, no mesmo período, a taxa de homicídio da população branca caiu de 14,5%, em 2003, para 10,6%, em 2014. Ou seja, morrem 2,6 vezes mais negros que brancos vitimados por arma de fogo. O mesmo acontece com a taxa de homicídios de mulheres, o percentual de mortes de mulheres negras e pardas cresceu 19,5%, enquanto a taxa de homicídios contra mulheres brancas caiu 11,9%.

Marcha da Periferia

Para publicizar as denúncias contra o racismo, a opressão e a exploração, e a crescente situação de extermínio da população negra no país, sobretudo de sua juventude e os ataques aos quilombolas, há 10 anos é realizada a Marcha da Periferia. Este ano, sob o tema “Aquilombar para Reparar”, serão realizadas até o dia 26 de novembro manifestações, debates, encontros, palestras em escolas e instituições de ensino superior públicas, festivais de Hip Hop, entre outras ações, em diversas cidades brasileiras. A atividade é organizada pelo Movimento Nacional Quilombo Raça e Classe, ligado à CSP-Conlutas, e outras organizações do movimento social e popular

Fonte: ANDES-SN