Na segunda-feira (23), o Fórum das ADs promoveu a palestra “O projeto de desmonte das Universidades das Estaduais”, como parte do ciclo de seminários temáticos do Movimento Docente. O evento realizado pela Adusb, no campus da Uesb de Vitória da Conquista, debateu com a comunidade acadêmica os pontos culminantes da crise enfrentada pelas Universidades.
Na ocasião, o Coordenador em Exercício do Fórum das ADs, Vamberto Miranda (Aduneb) condenou a política superavitária do governo baiano à custa dos direitos dos servidores. Destacou que mais de 440 processos de promoções, progressões, mudanças de regime de trabalho e outros direitos de docentes das Universidades Estaduais da Bahia (Ueba) estão travados no governo. Diante da situação, Vamberto convocou a categoria a “ampliar o nível de mobilização e aprofundar o processo de radicalização” da luta.
Em seguida, o professor José Luís França (Adusc) defendeu que há um processo de desmonte inclusive da própria ideia de Universidade enquanto Instituição. França criticou duramente a mercantilização da educação. “O governo lida com a gente [universidade] como lida com qualquer empresa. Para o governo nós somos dados, somos números”, ressaltou o docente.
O Diretor da Afus, Francisco Carvalho, enfatizou que esse desmonte interessa ao governo, pois as universidades são instâncias provocadoras e aguçadoras do senso crítico. A representação dos técnico-administrativos finalizou com um pedido de unidade entre as categorias, pois “para alcançar o ensino, a pesquisa e a extensão de qualidade que queremos, é necessário o enfrentamento, pois as coisas não virão de cima para baixo”.
O estudante da Uesb, Wesley Dantas (UJC), apresentou duras críticas ao Programa Estadual de Permanência Estudantil – Mais Futuro, caracterizado como meritocrático, bolsificador e reducionista. Portanto, não atende às necessidades do corpo estudantil. De acordo com Wesley, a luta dos estudantes desde 2011 é pela destinação de 1% da Receita Líquida de Impostos exclusivamente para a permanência estudantil nas Ueba. Contudo, a pauta tem sido completamente ignorada pelo governo.
O presidente da Adusb, Sérgio Barroso, destacou que as Ueba entre 2013 e 2017 deixaram de receber mais de R$ 213 milhões. Qualquer justificativa do governo no sentido de cortar gastos para economizar recursos não faz sentido, pois esse valor corresponde a apenas 0,2 % da receita estadual. Assim, o objetivo na verdade é “parar as Universidades Estaduais” e “fazer com que as mesmas tenham que recorrer a uma série de privatizações” internas, o que possibilita o atendimento de interesses da iniciativa privada.
As mobilizações da greve docente de 2015 foram retomadas pelo diretor da Adufs, André Uzêda. Desde aquele momento já existia a possibilidade da Uefs funcionar por apenas parte do ano por falta de recursos. O professor ressaltou o descompromisso dos gestores das Universidades e do próprio governo, que leva à desvalorização do trabalho docente, tanto nos aspectos financeiros, quanto nos subjetivos. Tal precarização tem provocado o adoecimento físico, mental, aposentadorias precoces e a desistência de muitos profissionais da vida acadêmica.
A partir do cenário de crise apontado e da importância fundamental das Universidades, os debatedores conclamaram professores(as), estudantes e técnicos(as) a reagirem à altura dos ataques do governo. Apenas com a unidade de ação será possível mobilizar efetivamente a comunidade universitária e lutar contra o desmonte das Ueba.