A greve dos professores de Recife (PE) começou nesta segunda-feira (14), com forte adesão da categoria. Cerca de 80% das escolas municipais amanheceram fechadas, com quase 400 unidades entre escolas, creches e CMEIs (educação infantil) com atividades paralisadas.
No primeiro dia de greve, os professores realizaram piquetes, e um protesto durante evento em que estavam presentes o vice-prefeito Luciano Siqueira e o secretário de Educação Alexandre Rebelo.
A coordenador-geral do Simpere, Claudia Ribeiro, que também integra a Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas, avaliou positivamente o primeiro dia de greve. “Vimos nos piquetes que 80% da categoria aderiu ao movimento. Ainda fomos nas escolas que estavam funcionando, conversamos com as professoras que estavam em dúvida sobre a greve. Acreditamos que se não chegarmos a 100% das escolas paradas vamos ficar bem perto”, destacou.
A greve é pelo cumprimento da Lei do Piso com aplicação no Plano e Cargo e Carreiras (Lei Federal-11.738/08), paridade para os aposentados e pensionistas, abertura de novas adesões no Saúde Recife, construção de novas creches e melhorias na estrutura das escolas.
Nesta quarta-feira (16) haverá um ato no centro da cidade e na sexta-feira (18) acontece uma nova assembleia geral.
Greves e mobilizações se repetem em outros estados
Assim como em Recife, também em outros estados e cidades, o descontentamento com os baixos salários, a precariedade nas condições de ensino e os ataques dos governos têm levado professoras, professores e trabalhadores da educação à greve e mobilizações.
Em Belo Horizonte (MG), a greve dos trabalhadores da Educação básica, iniciada em 23 de abril, está indo para um mês sem o atendimento das reivindicações da categoria. Nesta terça-feira (15), as trabalhadoras chegaram a ocupar as galerias da Câmara Municipal exigindo uma reunião com o prefeito.
“Ontem nós fizemos uma ocupação nas galerias a Câmara Municipal de Belo Horizonte. Essa pressão sobre os vereadores possibilitou que 21 deles instalssem uma mesa de negociação para interlocução com o governo, paralelo a isso, conseguimos uma reunião com o líder do governo na Câmara e apresentamos nossas demandas. O compromisso foi de repassar o que foi discutido ao prefeito”, informou o professore diretor do SindRede-BH Wanderson Rocha. Segundo o dirigente, a luta continua já que o governo segue não negociando com quem está em greve e não há novidade de proposta.
O prefeito Alexandre Kalil (PHS) disse no dia 2 maio que não haveria mais negociações com as trabalhadoras, depois de apenas duas reuniões, ocorridas após o ataque violento que elas sofreram pela polícia no dia 23 de abril.
As trabalhadoras (res) reclamam da diferença salarial entre professores da rede infantil e da rede de ensino fundamental. Na rede básica, o salário é de R$ 1.400 e na rede de ensino fundamental é de R$ 2.200 e reivindicam Carreira Única.
Para engrossar esse processo de lutas, também a rede municipal de ensino decidiu pela greve a partir desta quinta-feira (17). Os professores municipais acumulam perdas desde 1996 e chegam a quase 30%. A greve reivindicará a lei do piso que garante sete horas de planejamento, e vem sendo ignorada por sucessivos governos.
Educadores da rede estadual do Pará estão parados com a mesma reivindicação: cumprimento do Piso Nacional. A deflagração do movimento foi em 2 de maio e já dura quase 15 dias.
Esses trabalhadores são os que têm menor remuneração em todo país, e o Ministério da Educação estabeleceu o piso a ser pago para os professores com jornada de 40 horas semanais de R$ 2.455,35. No entanto, o piso pago é referente ao ano de 2015, no valor de R$ 1.927. Um abismo de desigualdade sentido nos bolsos desses trabalhadores.
A greve também se unifica a outras pautas e categorias e nesta terça-feira (15) se somam ao um ato contra a violência que só aumenta no Estado. O ato contará com sindicatos dos Trabalhadores de Trânsito (Sindtran), dos Trabalhadores da Educação (Sintepp) e dos Servidores da Polícia Civil (Sindpol) entre outros.
Em Natal (RN), os professores municipais, em greve desde o dia 23 de março, receberam a notícia, publicada no Diário Oficial, de que terão que repor as aulas e voltar ao trabalho. A Justiça do Rio Grande do Norte determinou que essa liminar atende a um pedido feito pelo município e ainda estabeleceu multa diária no valor de R$ 10 mil, caso o sindicato não cumpra a medida.
A categoria reivindica 6,81% de reajuste, melhores condições de trabalho, reformas nas escolas e o pagamento de direitos negados, como o retroativo do Piso 2017 para os aposentados, entre outras demandas. A pauta de reivindicações tem 37 pontos de exigências. A próxima assembleia da categoria será nesta quarta-feira (16).
No Rio de Janeiro (RJ), os profissionais da rede municipal decidiram entrar em estado de greve. No dia 16 de maio, ocorrerá uma plenária dos professores de Educação Especial, no Sepe, às 18h. Em Niterói, os trabalhadores já decretaram greve por tempo indeterminado a partir desta terça-feira (15). A categoria vem fazendo diferentes tipos de manifestações e várias tentativas de negociações desde 2014, sem avanços significativos no atendimento das reivindicações por parte do Governo municipal. O prefeito Rodrigo Neves (PDT) não recebe a categoria desde 2013. Esses trabalhadores reivindicam reposição das perdas salariais (9,39%), entre outras demandas.
Os trabalhadores em Educação do Amazonas também estão em luta. Essa categoria reivindica reajuste salarial de 15% para professores municipais de Manaus. Além do aumento salarial, a categoria decidiu reivindicar reajuste do vale-transporte e vale-alimentação, transparência no uso dos recursos do Fundo Nacional da Educação Básica (Fundeb), incorporação da regência de classe ao vencimento, progressões horizontais e verticais, reajuste da FEM da educação especial, HTP para professores do 1º ao 5º ano, entre outros.
A categoria pretende entregar a pauta de reivindicações tanto à Secretaria Municipal de Educação (Semed) quanto à prefeitura e realizar atos públicos pela cidade. A data ainda não foi definida.
Em Florianópolis (SC), os servidores públicos municipais, após um mês, encerram o movimento grevista, isso após o governo acionar a justiça e o prefeito Gean Loureiro (PMDB) seguir com a posição de aplicar multa ao Sintrasem (Sindicato dos Servidores no Serviço Público Municipal) e o desconto de parte dos dias dos trabalhadores que fizeram greve.
Mesmo com toda a ofensiva dos governos, a luta segue em outros segmentos. Os trabalhadores em Educação da regional São José (SC) farão uma paralisação no dia 22 de maio e convoca a toda a categoria a integrarem esse movimento. Toda a categoria está em campanha salarial e reivindica reajuste de 6,81%.
É preciso unificar e fortalecer mobilizações! Toda solidariedade às lutas!
“Se por um lado os ataques dos governos, seja na esfera federal, estadual ou municipal, estão aprofundando projetos de ataque à educação para tentar resolver o problema da crise, aqui no Brasil os trabalhadores estão em pé de guerra com o governo, com o país inteiro lutando. Os governos atacam, mas as categorias têm reagido para impedir a meritocracia e a privatização, e projetos como Escola Sem Partido. Nós, da CSP-Conlutas, nos manifestamos afirmando todo apoio às mobilizações e dizendo que estamos à disposição para que essas lutas sejam vitoriosas”, disse.
Fonte: CSP-Conlutas