Os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) ganharam aumento em seus já robustos salários. O reajuste foi de R$ 33,7 mil para R$ 39,2 mil, o que representa 16% de elevação, com impacto de R$ 6 bilhões por ano nas contas nacionais.
Por ser considerada uma pauta-bomba, a proposta estava parada no Congresso desde 2016, esperando votação. Porém, no momento em que se alardeia uma suposta falta de dinheiro nos cofres públicos e se defende uma nova Reforma da Previdência, o reajuste foi aprovado por ampla maioria no Senado, nesta quarta-feira (7), por 41 votos a 16. Agora, precisa apenas da sanção do presidente Michel Temer (MDB).
O aumento equivale a pelo menos 39 salários mínimos mensais, sem contar outros privilégios, como o auxílio-moradia de quase R$ 5 mil que cada ministro recebe, e que foi prometido ser extinto, mas que ainda existe, dentre outras regalias.
O reajuste possibilita que outras esferas do alto escalão dos três Poderes se beneficiem, criando o chamado efeito cascata. Vale ressaltar que o aumento beneficia apenas a elite do judiciário, ministros e procuradores, bem como pode ser referência para os salários de governadores, prefeitos e parlamentares, sem chegar aos servidores públicos que, na ponta, continuam com salários congelados e defasados, com perdas acumuladas.
O contraditório é que enquanto isso, para os trabalhadores e a maioria do povo, os efeitos da Emenda Constitucional 95, aprovada pelo governo Temer e o Congresso, que congela por 20 anos os gastos públicos, só paralisam os serviços públicos, que hoje já estão um caos.
A aprovação desse reajuste ocorre também em meio à transição para a posse do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) que, nesta semana, reuniu-se em Brasília com Michel Temer, os presidentes do Senado, da Câmara e do próprio STF.
Na pauta das reuniões, o destaque foi a articulação para tentar votar a Reforma da Previdência, que Bolsonaro já disse que é a principal prioridade do seu governo. As privatizações também estão elencadas como medidas prioritárias a serem tomadas. Ou seja, ao que tudo indica, os poderosos seguirão garantindo os privilégios de políticos, patrões e banqueiros, enquanto retiram direitos dos trabalhadores.
Para o membro da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas Atnágoras Lopes, esse reajuste é absurdo e só comprova a inversão de prioridades dos governos, cuja realidade de arrocho e retirada de direitos é inevitável e se intensificará. “A lógica é de corte de gastos quando se discute investimentos em áreas sociais, mas não se aplica quando se trata dos salários e interesses próprios do alto escalão”, denunciou o dirigente.
Fonte: CSP-Conlutas