Garimpeiros invadem território indígena Wajãpi, no Amapá, e executam liderança local

Sob o governo Bolsonaro, os povos indígenas estão extremamente ameaçados no Brasil.

 

Na segunda-feira (22), garimpeiros fortemente armados invadiram território da etnia indígena Wajãpi, localizado no município Pedra Branca do Amapari, a oeste do Amapá.

 

Segundo denúncia, cerca de 50 garimpeiros realizaram o ataque, assassinando a liderança Emyra Waiãpi a facadas. De acordo com dados apurados pela Folha de S.Paulo, o assassinato ocorreu na última quarta-feira (24).

 

O Conselho das Aldeias Wajãpi informou em nota, publicada neste domingo (28), que o corpo de Emyra foi encontrado com perfurações e a garganta cortada, próximo às aldeias Waseity e Mariry. É cruel, é desumano!

 

Na sexta-feira (26), os indígenas da região encontraram um grupo de homens armados nos arredores da aldeia Yvytotõ. Nesse dia o caso foi encaminhado à Funai e ao Ministério Público Federal, e na madrugada do dia 27 novos invasores foram vistos na região.

 

No sábado (27) à tarde representantes da Funai chegaram ao local e acionaram a Polícia Federal. No mesmo dia, à noite, tiros foram ouvidos próximo à aldeia Jakare.  Somente no dia 28 (domingo) policiais federais e do Bope estiveram na aldeia.

 

Cerca de 1.300 Waiãpis vivem nesta área, próxima à divisa com o Pará, e são a única etnia autorizada a explorar ouro da região de modo artesanal.

 

Pois é justamente a ganância deliberada de madeireiros, ruralistas, do agronegócio nacional e internacional, com apoio incondicional do governo Bolsonaro, que impulsionam o que poderá ser um extermínio de povos indígenas e de suas culturas.

 

O presidente Jair Bolsonaro já afirmou que apoia a exploração mineral em terras indígenas, hoje proibida, e já há projeto de lei para regulamentar o garimpo nas reservas indígenas.

 

Em maio deste ano, audiências foram realizadas em Brasília, nos ministérios da Justiça e da Defesa e na Funai. Na ocasião, o líder indígena Guarani Kaiowá Davi Kopenawa alertou para o crescente número de invasões a terras indígenas por garimpeiros.

 

Em Roraima, cerca de 20 mil garimpeiros se espalham pela região e teriam construído, conforme denúncia, vilas com casas, pistas de pouso, balsas. Todos eles em busca de ouro e diamante na região.

 

No entanto, os indígenas alertam para as consequências graves de tal exploração ilegal, não somente ao meio ambiente, como também às etnias que vivem nesses locais, que sofrem com a propagação de doenças como a malária, por exemplo.

 

Em formatura de novos paraquedistas das Forças Armadas realizada no sábado (27) no RJ, Bolsonaro escancarou mais uma vez sua cartilha de política entreguista. Ele afirmou que a exploração mineral de terras indígenas faz parte de seu plano de colocar o “primeiro mundo” para explorar essas áreas “em parceria e agregando valor”. Completou dizendo que é por isso que defende uma pessoa de sua confiança para a embaixada nos EUA.

 

Atualmente, de acordo com dados da Raisg (Rede Amazônica de Informação Socioambiental Georreferenciada), há 18 terras indígenas no país com garimpos ilegais ativos, além de outros 453 pontos na Amazônia de modo geral.

 

Em nota, o Cimi (Conselho Indigenista Missionário) cobrou de Bolsonaro respeito à “Constituição Brasileira e pare imediatamente de fazer discursos preconceituosos, racistas e atentatórios contra os povos originários e seus direitos em nosso país”.

 

A CSP-Conlutas repudia os ataques à etnia Wajãpi e exige a imediata apuração e punição dos responsáveis por mais esse crime que se soma ao genocídio sistemático de nossos povos originários. É necessário cercar a luta dos povos indígenas de solidariedade e repudiar veementemente os constantes ataques de Bolsonaro contra os povos indígenas, seus discursos de ódio e o descaso com políticas fundamentais como a demarcação de terras e os direitos dos povos originários.

 

 

 

 

Com informações da imprensa.