Machismo e racismo estrutural são debatidos em roda de conversa

A terceira etapa das atividades do grupo de trabalho de política de classe para questões étnico-raciais, gênero e diversidade sexual da Adusb (GTPCEGDS) de agosto foi realizada na quarta-feira (21), no campus de Vitória da Conquista. A roda de conversa “dia internacional da mulher negra, latino-americana e caribenha em um momento de retrocessos e retirada de direitos” abordou o racismo e o machismo como elementos estruturais do capitalismo e suas relações com o ensino superior.

O histórico de como se constituiu a opressão contra as mulheres, a partir do surgimento do patriarcado e da família nuclear e monogâmica, bem como a formação social brasileira, parte do processo de marginalização da população negra, foram abordados por Daiana Souza, membro do coletivo LGBT Comunista. “O modo de produção capitalista não afeta apenas a vida da mulher negra, mas todos os trabalhadores. Afeta os idosos, afeta as crianças, afeta os jovens que estão tentando ingressar no mercado de trabalho. Ele afeta todos, mas cada qual de uma forma específica”, disse Daiana. Por toda constituição histórica da opressão contra as mulheres negras, elas fazem parte da parcela da população mais afetada pela retirada de direitos presentes nas reformas do governo Bolsonaro. Para mudar a realidade, Daiana acredita que é necessária união da teoria e práxis revolucionária na construção da unidade entre os trabalhadores e da luta organizada.

A assistente social, Marília do Amparo, trouxe sua experiência como profissional e do seu tempo de trabalho na Uesb para discutir a realidade das mulheres negras. “Quando fui atuar como assistente social, vi que meu público era preto. Meu público eram as mulheres negras, então eu entendi que é aqui que meu povo está. São os mais vulneráveis, os beneficiários do bolsa família, são as mulheres em situação de violência, são as crianças em situação de acolhimento”, disse Marília. A assistente social problematizou a inserção reduzida de negras e negros nao Universidade, sejam como docentes e técnicos, quanto como estudantes de cursos considerados de elite. Considerou ainda que não é por acaso que a maior parte das bolsas de permanência estudantil da Uesb atende ao público negro. Marília também defendeu a organização das mulheres negras como forma de enfrentar a retirada de direitos.

Os dados sobre o espaço da população negra, em especial das mulheres negras, nos piores postos de trabalho foram trazidos por Sandra Ramos, membro do GTPCEGDS da Adusb.  A docente alertou ao fato de que as mulheres negras serão extremamente afetadas pela reforma da previdência, pois seus trabalhos precários e o desemprego dificultam e/ou impossibilitam a contribuição para a previdência, que poderá ter as regras para concessão da aposentadoria endurecidas. Neste cenário político atual, Sandra avaliou que a Adusb busca “entender as políticas que estão colocadas, entender que as mulheres negras realmente sofrem com esses ataques que estão sendo colocados e luta para mudar estas políticas que estão postas”.