Greve Nacional da Educação: mobilizar e resistir contra as investidas do capital
Café Popular em Itapetinga.

As denúncias contra o sucateamento da educação continuaram a ser feitas durante o segundo dia da Greve Nacional da Educação (3 de outubro). Docentes da Uesb em Itapetinga levaram o debate sobre a importância da educação pública e das universidades estaduais para a Alameda Rui Barbosa no Café Popular. Em Vitória da Conquista, a Adusb participou da roda de conversa “Os ataques neoliberais à educação”, construída pelo Fórum Sindical e Popular.

Itapetinga

Durante o Café Popular, foi realizada uma aula pública com a participação da secretária regional da Adusb, Patrícia Cara, que defendeu a educação como “a chave para o desenvolvimento de um povo. A educação deve ser valorizada, respeitada, reconhecida na sua base, na sua raiz”. A docente alertou ainda ao fato de que é preciso tratar a educação “como ferramenta emancipadora, de formação crítica e a gente não pode acreditar em tudo que a gente escuta e construir uma visão deturpada da realidade”.

Vitória da Conquista

Iracema Lima, secretária geral da Adusb, defendeu semelhanças nas políticas de restrição de recursos à educação entre união, estado e município. “A gente vive em uma política de contingenciamento ininterrupto. Não é uma característica marcada apenas pelo governo Rui Costa, mas que vem sendo comum aos governos, tanto no campo petista, quanto no campo da direita. Há um aprofundamento dos ataques, o que faz com que aumentemos o compromisso de continuarmos fazendo a luta, a resistência nas diversas esferas”, destacou.

A roda de conversa foi realizada na sede da Adusb

A representante do Diretório dos Estudantes da Uesb (DCE), Naila Araújo, concorda com a argumentação de Iracema. “A gente vê em todos os âmbitos o processo de amplo ataque à educação pública. A gente vê que o crescimento das políticas neoliberais são cada vez mais escandaradas, estão cada vez mais expostas sem nenhum medo de se mostrarem enquanto uma política de ataque a todo conhecimento produzido pela nossa classe”. Segundo a estudante, a estratégia do governo é de precarizar os serviços públicos para privatizar.

O fechamento de escolas estaduais, contenção de reajuste salarial por cinco anos dos servidores estaduais, ampliação das terceirizações, contratos REDA e parcerias público-privadas nas escolas foram considerados ataques à educação estadual por Cezar Nolasco, diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB). De acordo com o dirigente sindical, “a gente vem sofrendo esse impacto do regramento das verbas públicas e tirando do trabalhador para gerar uma economia para o Estado. O governo Rui Costa quando assume tem essa política de limitar gastos e enxugar a máquina pública através de ações que afrontam os trabalhadores”.

O não pagamento de reajuste salarial aos servidores municipais e a política de desvalorização dos profissionais da educação também são realidade em Vitória da Conquista. A diretora do Sindicato do Magistério Municipal Público de Vitória da Conquista (SIMMP), Ana Cláudia da Mata, denunciou práticas antissindicais do prefeito Herzem Gusmão.  “São perseguições, são retaliações, são ameaças, a dificuldade de trazer a base para as discussões aumenta diariamente porque tem medo de tomar falta, de corte de ponto”, criticou Ana Cláudia.

Sobre a situação da UFBA, a diretora do Sindicato dos Professores das Instituições Federais de Ensino Superior da Bahia (Apub), Leila Cruz contou que “a universidade já tem muito tempo em subfinanciamento, então a gente acumula déficit, de governos petistas também”. O corte de verbas do governo Bolsonaro tornou a situação ainda mais grave. “Com esse contingenciamento de R$ 54 milhões, em tese em outubro a gente não poderia mais funcionar”, afirmou. Contudo, foram liberados R$ 24 milhões, o que não cobre os R$ 80 milhões em despesas até o final do ano.

Diogo Souza, representante do Sindicato dos Trabalhadores Técnico-Administrativos em Educação das Universidades Públicas Federais no Estado da Bahia (Assufba), criticou o caráter privatista do projeto Future-se nas universidades federais. “As instituições particulares não estão preocupadas com o bem comum. Elas primeiro objetivam o lucro, o seu próprio desenvolvimento. Quem tem que se preocupar com o público é o governo. É o governo quem tem que cuidar da população e se ele não está fornecendo as condições necessárias isso, então alguma coisa está errada. A gente precisa se unir, juntar forças para derrotar esse plano de governo”, defendeu.

As atividades fizeram parte da greve nacional da educação, convocada para os dias 2 e 3 de outubro em todo país, em protesto contras as políticas governamentais nas esferas municipais, estaduais e federal, de cortes orçamentários, ataques aos profissionais da educação e às instituições públicas. O diretor de comunicação da Adusb, Sérgio Barroso, destaca que esses ataques “fazem parte da política ultraliberal de medidas para proteção do capital. São políticas que vêm se acentuando desde o ano de 2014. A população precisa estar atenta e forte, mobilizada, na luta em defesa desse patrimônio da classe trabalhadora brasileira, que é a educação pública, gratuita de qualidade e socialmente referenciada. Não podemos permitir que esses governos entreguem o futuro do nosso país, em todos os sentidos, aos interesses do capital”.