Marcha das Mulheres ocupa as ruas na luta por direitos em Vitória da Conquista

As mulheres de Vitória da Conquista marcharam nesta segunda-feira (9) por saúde, educação, direitos trabalhistas e liberdades democráticas. Mulheres do campo e da cidade denunciaram o feminicídio e cobraram que Prefeitura, Estado e União criem políticas de combate ao machismo. As reivindicações foram protocoladas na Câmara de Vereadores e Banco do Nordeste. A atividade foi construída pelo Fórum de Mulheres, composto por diversos sindicatos, movimentos sociais e populares de Vitória da Conquista.

O Brasil é o quinto país do mundo em números de feminicídios e Vitória da Conquista segue o cenário nacional. De acordo com estudo do Centro de Referência da Mulher Albertina Vasconcelos (CRAV), foram contabilizadas 1.689 ocorrências de violência contra a mulher na cidade em 2018. Cerca de 93% das mulheres atendidas por medidas protetivas são pardas ou negras.

“Nós temos um governo federal machista, sexista, que desde a sua campanha disse a que veio, que deixou muito claro que não ia se preocupar com esse extermínio das mulheres, especialmente das pobres, negras, trabalhadoras, das periferias urbanas”, denunciou Suzane Tosta, diretora de relações sindicais da Adusb. A docente defendeu ainda que o governo municipal “assumiu todas as bandeiras do governo federal. Mas o governo da Bahia também é o nosso grande inimigo porque embora ele diga e faça propaganda no carnaval do respeite as minas e outras pautas, faz uma Reforma da Previdência que é machista e que prejudicou ainda mais as trabalhadoras mulheres”.

A secretária geral da Adusb, Iracema Lima, também criticou as semelhanças de posturas entre os governos em todas as esferas, que afetam negativamente a vida da população brasileira, especialmente das mulheres. “Rui Costa e seus deputados são coniventes sim com a política desenvolvida pelo governo Herzem Gusmão. São coniventes sim com as políticas desenvolvidas pelo governo Bolsonaro porque fazem parte de um projeto de retirada dos direitos trabalhistas e nós trabalhadoras, mais uma vez e quantas vezes forem necessárias, iremos às ruas sim. Iremos sim gritar contra a retirada de direitos e em defesa das nossas vidas porque eles não nos calarão”, afirmou Iracema.

Protocolo da pauta

Uma comissão tentou entregar a pauta de reivindicações na Prefeitura, mas o prefeito Herzem Gusmão não estava presente. Apesar da presença das manifestantes no local, nenhum representante do poder público municipal se prontificou a receber o documento. O Fórum de Mulheres também foi ao Núcleo Territorial de Educação (NTE), do governo estadual, e foi informado que o Ricardo Costa, o responsável pelo setor, estava em reunião. Mesmo com os inúmeros esclarecimentos de que não seria necessário disponibilizar muito tempo, pois a demanda era apenas pelo recebimento das pautas das mulheres e das professoras da educação estadual, o responsável pelo setor bateu literalmente a porta na cara do movimento. 

Para a diretora acadêmica da Adusb, Sandra Ramos, “esta é mais uma demonstração do quanto a política do governo do Estado da Bahia está totalmente pareada com a do governo federal, traduzida nas ‘portas fechadas’ tanto do representante do governo Bolsonaro, Herzem Gusmão, quanto pelo representante do governo do Rui Costa, do NTE. São governos antidemocráticos que sequer recebem a pauta de movimentos organizados”.

A comissão de mulheres foi recebida por vereadoras e vereadores na Câmara Municipal, sem participação de representantes da bancada da situação. As mulheres exigiram comprometimento da Câmara para o avanço da pauta.

Entre as reinvindicações estão a implementação de uma política municipal de combate à violência doméstica e familiar, funcionamento 24 horas da delegacia de atendimento à mulher, implantação efetiva da parada segura no transporte coletivo, políticas de saúde para mulheres negras, lésbicas e transexuais. Além disso, melhorias no fornecimento de água, saneamento básico e educação pública.

Saiba mais sobre a pauta de reivindicações.

Mulheres do campo protocolaram documento no Banco do Nordeste com a cobrança de agilidade na liberação de financiamento via Pronaf B, no agendamento dos projetos, retorno do Pronaf Mulher e melhoria no atendimento às trabalhadoras e trabalhadores rurais. A gerência se comprometeu a receber as trabalhadoras para uma reunião no dia 16 de março.

A diretoria da Adusb constrói o 8 de março junto com outros movimentos sindicais e sociais, por entender que a luta feminista contra o machismo e suas consequências nefastas para as mulheres e toda a sociedade, deve ser uma luta de todas e todos.