Devido à pandemia do coronavírus e às notificações de casos suspeitos em Vitória da Conquista, o Coletivo Quilombo cancelou o ato em memória de Marielle Franco e Anderson Gomes. A atividade marcava os dois anos dos assassinatos e estava agendada para o sábado (14), na Praça 9 de Novembro às 11h30. A sugestão é que vídeos e imagens de denúncia sobre a falta de respostas sobre o mandante do crime sejam compartilhados nas redes sociais na data.
O Sistema único de Saúde (SUS) tem enfrentado os reflexos da limitação de investimentos imposta pela Lei do Teto de Gastos (Emenda Constitucional 95). A estimativa é que até 2036 mais de R$ 438 bilhões deixarão de ser investidos. Isso resulta em menos profissionais de saúde contratados, atendimentos, remédios, exames, cirurgias, leitos em hospitais e políticas de prevenção de doenças para as mais de 150 milhões de pessoas que dependem exclusivamente do SUS. Os diversos cortes de investimentos nos serviços públicos agravam ainda mais essa situação.
Com a PEC Emergencial e a Reforma Administrativa, propostas pelo governo Bolsonaro, o cenário ficará mais grave. Estados poderão investir ainda menos em saúde, inclusive com redução de carga horária e salarial de profissionais. A preocupação com a disseminação do coronavírus se dá nesse contexto de sucateamento da saúde pública brasileira.
O comunicado do Coletivo Quilombo chama atenção à perspectiva de que “o número de pessoas contaminadas com o vírus nos próximos dias, deverá ser muito maior do que a quantidade de leitos disponíveis dos hospitais. Isso quer dizer que serão as pessoas mais pobres, em geral mulheres, pessoas negras e moradoras de favelas e periferias, que mais estarão vulneráveis ao vírus que ainda não tem vacina. Marielle passou a sua vida lutando para defender a vida de todas as pessoas, principalmente dessas pessoas que não têm os seus direitos garantidos”. Por conta dessas questões o ato público foi cancelado.
Com informações do Coletivo Quilombo e Jornal Brasil de Fato