Bolsonaro segue sem defender isolamento social

Bolsonaro voltou à rede nacional de rádio e TV nesta terça-feira (31) para falar sobre a pandemia de coronavírus que assola o Brasil. Novamente, o pronunciamento do presidente de ultradireita foi marcado por protestos em várias capitais e cidades com a realização de panelaços.

Não poderia ter sido diferente. Apesar do aumento diário do número de mortes e casos por Covid-19 no país, Bolsonaro segue de forma criminosa sem defender o distanciamento social como forma de conter o avanço da doença.

Nesta terça-feira, o Brasil assistiu o maior aumento do número de casos e mortes pela pandemia. Já são mais de 5.700 casos e mais de 200 mortes. Contudo, sabe-se que os números estão muito subnotificados, pois a realidade em hospitais e necrotérios é dramática.

Isolado após o pronunciamento criminoso feito na semana passada, tendo perdido apoio político entre integrantes do próprio governo, Bolsonaro mudou o tom do discurso na noite desta terça-feira, sem desferir acusações e ofensas à imprensa, governadores e especialistas que defendem a adoção de quarentena, e falar de uma suposta preocupação com a vida dos brasileiros e os empregos.

Ainda assim, tentou novamente desvirtuar o discurso do diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde) para reforçar seu posicionamento contra as medidas de isolamento social para a “economia não parar”.

Pela manhã, Bolsonaro já havia usado um trecho de uma declaração do diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, para dar a entender que o executivo também defende o fim do isolamento social em nome da proteção de emprego e renda. Uma mentira. O próprio Adhanom veio a público durante o dia para contradizer Bolsonaro, reafirmando a defesa das medidas restritivas ao lado de políticas para proteger os mais vulneráveis. No entanto, à noite, Bolsonaro usou apenas o trecho que lhe interessava na TV.

Nesta quarta (1), Bolsonaro voltou ao ataque e postou em suas redes sociais um vídeo que um homem relata uma situação de desabastecimento no Ceasa de Belo Horizonte, o que vem sendo negado pelo próprio ministro da Infraestrutura.

Junto ao vídeo postou três frases. “Não é um desentendimento entre o Presidente e ALGUNS governadores e ALGUNS prefeitos…”,disse. “São fatos e realidades que devem ser mostradas”, prossegue. “Depois da destruição não interessa mostrar culpados”, conclui o presidente.

Fora Bolsonaro e Mourão! Quarentena geral já!

A postura do governo Bolsonaro diante da pandemia é criminosa e de pura incompetência. Além de não ter um posicionamento firme e unificado de orientação à população sobre o distanciamento social, medida adotada internacionalmente e unânime entre especialistas como forma de deter o avanço do coronavírus, as políticas do governo tem sido totalmente insuficientes.

Nem mesmo o auxílio-emergencial de R$ 600 aprovado no Congresso, Bolsonaro sancionou até agora e não há previsão exata do dia do pagamento.

Além disso, enquanto já liberou mais de R$ 1 trilhão para os bancos, vem anunciando medidas que permitem as empresas demitirem neste grave momento e reduzir salários e direitos.

“Aqui no Brasil, os trabalhadores e mais pobres tem dois enfrentamentos a fazer. Temos de enfrentar a grave situação imposta pela pandemia do coronavírus, mas também temos de combater a postura do governo de Bolsonaro que tem agido de forma criminosa e incompetente”, avalia o dirigente da Secretaria Executiva da CSP-Conlutas Paulo Barela.

“A CSP-Conlutas defende que é preciso adotar quarentena geral já, liberando todos os trabalhadores que atuam em áreas que não sejam essenciais, com garantia de salários integrais e direitos. Estamos também junto aos trabalhadores e setores mais oprimidos para cobrar dos governos todas as medidas necessárias neste momento para garantir saúde, empregos e direitos. Bolsonaro e o conhecido “Gabinete do Ódio” são os responsáveis pela disseminação de mentiras e Fake News que dificultam o combate à pandemia do novo coronavírus. Precisamos dar um basta nisso e avançar  as lutas para derrotar e por para fora Bolsonaro e Mourão”, afirma Barela.

Via cspconlutas.org.br