Professores de escolas públicas anunciam greve caso as aulas voltem em meio à pandemia

Trabalhadores em Educação, professores e o conjunto da comunidade acadêmica anunciaram que entrarão em greve caso os governos decretem volta às aulas em meio à pandemia. Com a flexibilização da quarentena, estados estão sinalizando para a volta às aulas, mesmo diante do alto nível de mortes e contaminação pelo novo coronavírus.

No Brasil, pelo menos 930 mil pessoas já foram contaminadas pela Covid-19 e foram registradas mais de 45 mil mortes.

A preocupação dos professores e trabalhadores em Educação é pela volta prematura, ainda com altos índices de contaminação, além da inexistência de protocolos de seguranças para essa retomada nas escolas.

Em nota, o Sepe (Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação-RJ) informou a preparação da greve, após o anúncio de decretos do governador e do prefeito do município do Rio de Janeiro que abordam o relaxamento das medidas de isolamento social, sem os devidos estudos técnicos, científicos e demais análises que embasassem tais medidas. Os decretos preveem, no caso do município, a abertura das escolas no início de julho; no caso do estado, a suspensão das aulas presenciais se daria em dia 21 de junho.

Por isso, o Sepe reforça a greve como resposta “para impedir que os profissionais de educação sejam expostos a um grande risco à saúde”, informou.

Além disso, o sindicato aponta que essa decisão de volta às aulas expõe ao risco não apenas os trabalhadores em Educação, mas os alunos e seus familiares. “A direção do Sepe decidiu, diante do plano de reabertura das escolas sem o devido embasamento científico e sem qualquer discussão com a comunidade escolar, preparar a categoria para a Greve, caso os governos determinem a abertura das escolas”.

Com essa sinalização de retorno, municípios e estados já se mobilizam. Em Búzios (RJ), os professores realizaram uma paralisação remota de 72 horas, após convocação dos conselhos pedagógicos e administrativos para discussão da volta às aulas.

Em Fortaleza (CE), o Sindiute (Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação do Ceará) realizou também uma paralisação no dia 10 de junho.

A APLB (sindicato dos professores da Bahia) também informou que pode decidir por greve se os professores tiveram que voltar às escolas.

Em estados como Minas Gerais e Pará também existe essa disposição de luta caso os governos sinalizem a volta às aulas.

Em Belém (PA), a prefeitura anunciou a possibilidade do retorno escolar no dia 17 de julho. No estado, a previsão é em agosto.

O Sintepp (Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Pará) está em estado de greve e com uma campanha “aula só depois da pandemia”.  Acionaram ainda o Ministério Publico e Defensoria Pública para reforçar as ações que barrem o retorno às escolas.

 “O Sintepp está com um calendário de assembleias que vão votar a possibilidade de greve, caso não haja o recuo nesta política”, alertou a professora que leciona nas redes municipal e estadual Silvia Letícia, que também integra a Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas.

Em Minas Gerais, apesar de ainda não existir nenhuma movimento do estado em relação à volta às aulas, existe a disposição de luta caso isso ocorra no estado. “No início da pandemia, os trabalhadores em Educação estavam em greve, que foi suspensa devido ao surto da doença, caso o governo sinalize pela volta às aulas neste momento retomaremos nossa mobilização”, informou o professor das redes municipal e estadual Gustavo Olímpio.

Greve em defesa da vida

A CSP-Conlutas reafirma sua política pela quarentena geral a todos os trabalhadores. Reforça ser uma irresponsabilidade dos governos colocar milhares de estudantes nas ruas, uma vez que o Brasil já é o segundo no mundo no ranking de contaminados e de mortes.

A Central também está preparada para acionar sua assessoria jurídica, caso se formalize decisão em algum estado ou município de volta às aulas presenciais, sem que a pandemia esteja sob controle.

Não se pode tratar os professores, funcionários de escolas e alunos como “boiada” para serem contaminados. Vamos à luta em defesa da vida.