Mais de 100 dias de pandemia, país tem 1,5 milhão de contaminados, 61 mil mortos e saúde em colapso

Há mais de três meses o Brasil enfrenta a pandemia do novo coronavírus, com o governo do presidente Jair Bolsonaro à frente, ditando uma política criminosa e genocida. Desde o início desta grave crise humanitária, minimiza a Covid-19 como “gripezinha”, tenta ocultar os milhares de mortos e o alto número de contaminados, enquanto o país afunda em estatísticas cada dia mais alarmantes.

O Brasil, segundo monitoramento da universidade norte-americana Johns Hopkins, corresponde a 11% das mortes totais no planeta. No mundo, de acordo com a pesquisa, mais de 10 milhões de pessoas foram infectadas e 500 mil morreram.

O país é o segundo no ranking de contaminados e mortos, ficando atrás somente dos Estados Unidos. Já ultrapassamos a marca 1, 5 milhão de infectados e 61 mil  mortos.

Neste balanço, o Nordeste aparece com 44% do total de mortes registradas nas últimas 24 horas, seguido pelo Sudeste, com 32%.

 “No Brasil, devido à política criminosa e genocida do governo Bolsonaro e de governadores e prefeitos que são cúmplices, o número de infectados e de pessoas que perderam suas vidas só aumenta. A maioria da população que morre é a classe trabalhadora e a população pobre que mora nas periferias”, avalia a trabalhadora da saúde Rosália Fernandes, que também integra a Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas.

Caos na saúde

Em relatório divulgado em 12 de junho, o Ministério da Saúde revelou a morte de 169 trabalhadores do setor. Ainda de acordo com o mesmo levantamento, dos 432.668 profissionais testados, mais de 83 mil foram detectados com a doença.

Em comparação com maio, em que foram registrados 31.790 trabalhadores infectados, o número mais do que dobrou.

Esse levantamento aponta que os trabalhadores do setor de enfermagem são os que mais morrem em decorrência da doença e representam 25% dos óbitos, seguidos dos médicos que representam 11% de falecimentos.

Números que superam a marca de países como Estados Unidos, que é o mais atingido pela pandemia.

No Rio Grande do Norte, uma das localidades em que a rede hospitalar está entrando em colapso, o estado vive um momento de curva ascendente com crescimento do número de casos da Covid-19.

De acordo com boletins epidemiológicos da região, nos últimos cinco dias houve um aumento de 900 infectados e de 250 mortes. Dessas pessoas, 234 morreram enquanto aguardavam leitos para o tratamento. Ao todo, o número de óbitos no estado chegou a mil casos, com 57 em investigação e quase 29 mil contaminados.

Em Natal, as UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) estão com índice de 120% acima da sua capacidade para o atendimento da Covid-19. Na capital, os leitos de UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) estão com 98% de ocupação.

Esse aumento impacta diretamente os trabalhadores que estão na linha da frente do combate à doença, os trabalhadores da saúde.  Com curva de contágio em alta, sobrecarga nos hospitais em todo o país, os trabalhadores da saúde estão em exaustão, adoecendo ou morrendo.

Dados do Cofen (Conselho Federal de Enfermagem) apontam que até o dia 29 de junho quase 22 mil trabalhadores do setor de enfermagem tinham sido contaminados com a Covid-19, com 220 mortos.

De acordo com dados do Cofen, mais de 500 trabalhadores de enfermagem adoeceram no Rio Grande do Norte.

 “Existe um adoecimento muito grande em profissionais de saúde, ontem mesmo foi a óbito mais dois profissionais”, relata Rosália.

 “A situação dos profissionais de saúde é gritante, não existe equipamento de proteção individual em quantidade e qualidade. Condições de repouso precárias, alimentação e direitos trabalhistas não estão sendo respeitados”, aponta Rosalia.

Esse caos ocorre em meio ao anúncio da reabertura e flexibilização da quarenta no estado, prevista para 1° de julho.

 “Os Estados seguem o mesmo ritmo, porque a tem a mesma política, que é colocar a economia, o lucro das empresas e do comércio em detrimento da vida”, argumenta Rosália.

É o caso também de São Paulo, considerado um dos epicentros da pandemia no país, e que registra mais de 271 contaminados, com 14 mil mortes até o momento.

Dados que puxam um número expressivo de trabalhadores da saúde igualmente adoecidos. Os trabalhadores em enfermagem no estado que se contaminaram já passam de 4 mil, com 42 mortes confirmadas, segundo Cofen.

Flexibilização prematura

Mesmo com números de contágio e mortes em alta, governos anunciam a reabertura do comércio e atividades pelo país.

Em São Paulo, o comércio começou a funcionar no dia 10 de junho parcialmente e recentemente o governo decidiu ampliar a abertura para o dia 6 de julho de outros setores como bares e salões de cabeleireiro.

 “São Paulo é um exemplo claro dessa falta de compromisso com a vida. Após uma semana em que se falava sobre decretar lockdown por pressão da população, vieram os empresários que são parte do sistema capitalista, pressionaram governador e o prefeito, que não têm compromisso com a população, inverteram a discussão e abriram a cidade para que as pessoas voltem ao trabalhado enfrentando ônibus, trens e metrôs lotados, passando a correr mais riscos”, denunciou Valdomiro Marques, coordenador do Fórum de Saúde dos Trabalhadores de São Paulo, que atua como técnico em segurança do trabalho no Hospital José Soares Hungria, em Pirituba (SP).

Valdomiro alerta para essa inversão de prioridades em nome do lucro e não da vida. “Os bancos receberam a quantia de 1,3 trilhão de reais durante a pandemia, mas qual empresa pequena ou trabalhador desempregado conseguiu parte desses recursos entregues aos bancos?”, questionou.

 “Essa pandemia descortinou as reais mazelas do país, como por exemplo, a destruição do SUS [Sistema Único de Saúde] e da saúde pública, além das maldades e crueldade dos governantes que destroem a vida de quem trabalha, apenas pelos lucros que buscam”, concluiu.

Em defesa da vida

Os trabalhadores da saúde tem realizado lutas pelo país contra essa política criminosa de Bolsonaro e Mourão que está levando à morte e a doença não apenas quem está na linha de frente, mas toda a população.

Têm realizado desde o começo desta pandemia jornadas de lutas com exigências de proteção não apenas aos trabalhadores, mas ao conjunto da população. De 12 de maio a 20 junho realizaram ações com a exigência de direitos e proteção deste segmento.

A  CSP-Conlutas segue com esta forte campanha em defesa da vida desses trabalhadores que estão na linha de frente. Reafirma a exigência de testes em massa para os trabalhadores da saúde, EPIs ( Equipamentos de Proteção) em quantidade suficientes e de qualidade para todos. A Central  apresentou um programa com 16 medidas para a área da saúde, elaborado por trabalhadores do setor que enfrentam os problemas no dia a dia dos hospitais e unidades de saúde.  (Veja aqui a lista completa)

Fora Bolsonaro!

No próximo dia 10 de julho, a CSP-Conlutas junto a outras entidades da sociedade estará participando de ações conjuntas que tem como reivindicação principal o Fora Bolsonaro, impeachment já!

A Central participará e reafirmará sua política e campanha permanente pelo Fora já Bolsonaro e Mourão e com a defesa pelos 30 dias de quarentena geral para todos os trabalhadores.

Com informações do G1

Via cspconlutas.org.br