NOTA DA DIRETORIA | ESCLARECIMENTOS SOBRE CITAÇÃO DA ADUSB EM PROGRAMA DE RÁDIO

Em virtude de declarações inverídicas externadas em programa de rádio, da cidade de Vitória da Conquista, no dia 30 de setembro do corrente, a Diretoria da Associação dos Docentes da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Adusb), firme em seu compromisso com a verdade, a defesa dos serviços públicos e do papel do Estado enquanto agente de promoção da justiça social, presta os seguintes esclarecimentos:

Em relação ao texto da Emenda constitucional 32/2020

  1. A Emenda Constitucional 32/2020, primeira fase da (contra) Reforma Administrativa, é sim de autoria do governo Bolsonaro e conta com o apoio de setores privilegiados da sociedade, que buscam garantir ou ampliar suas regalias, às custas da destruição dos serviços públicos, dos quais dependem a população mais vulnerável socioeconomicamente;

  2. A  (contra) Reforma Administrativa irá sim atingir todas as esferas administrativas em âmbito municipal, estadual e federal. Só não serão afetados os privilegiados do Poder Legislativo (vereadores, deputados e senadores) e do Poder Judiciário (juízes, desembargadores);

  3. “Ao contrário do que tem sido veiculado na grande imprensa, a maioria desse conjunto de regras será aplicado para todo e qualquer servidor público civil, independentemente do vínculo ocorrer junto ao Poder Executivo, Poder Legislativo ou Poder Judiciário, portanto expandido para todos os entes federativos (Estados, Distrito Federal e Municípios) e não apenas na União. Porém, nem todas as regras da PEC nº 32 poderão ser aplicadas indiscriminadamente, haja vista que alguns temas possuem competência legislativa reservada”¹

  4. Portanto, é de competência da Adusb se manifestar sobre um assunto que traz repercussões diretas às suas filiadas e aos seus filiados. Por construir uma trajetória de luta em defesa dos serviços públicos de qualidade para toda população, em especial a educação, e pela defesa dos direitos trabalhistas de professoras e professores, a Adusb se posiciona contra a Reforma Administrativa. 

Em relação ao caráter da Reforma Administrativa

  1. Ao contrário da ideia propagada de que irá “arrumar a bagunça” nos serviços públicos e acabar com o “privilégio” da estabilidade dos servidores, a (contra) Reforma Administrativa pretende viabilizar a ampliação da corrupção; 

  2. “O ‘contrato de experiência’ promoverá em grande escala o apadrinhamento político, sujeição à subjetividades e atitudes corruptivas, pessoalidade, assédio e fragilização do servidor frente a obstáculos que lhe exigiram uma atuação firme e impessoal”²;

  3. “Não à toa, a PEC nº 32 já ficou conhecida como ‘PEC da Rachadinha’, em alusão ao esquema de corrupção que envolve a família Bolsonaro e o assessor Fabrício Queiroz, já que essas circunstâncias acontecem majoritariamente onde o serviço público é mais vulnerável e os cargos são moeda de troca. Portanto, a estabilidade do cargo público não é privilégio personalíssimo, mas critério geral e coletivo para o bom funcionamento do serviço público”³;

Em relação à campanha de mídia da Adusb

  1. Como ocorreu no supracitado programa de rádio, os defensores da (contra) Reforma Administrativa, inclusive o presidente Bolsonaro e sua equipe, valem-se de informações falsas ou distorcidas para enganar e tentar convencer a população de que a (contra) Reforma é necessária;
  2. A campanha de mídia da Adusb de denúncia da (contra) Reforma Administrativa está sendo custeada com recursos próprios da Adusb, provenientes exclusivamente das contribuições sindicais voluntárias de seus sindicalizados. A Adusb não recebe, nem nunca recebeu, imposto sindical, nem tão pouco qualquer tipo de recurso público;
  3. A Adusb não considera a caricatura do presidente utilizada na campanha de mídia como algo desrespeitoso, pois se trata de uma crítica a um governante. Graças às lutas das brasileiras e dos brasileiros, superamos a ditadura militar e restabelecemos direitos democráticos, como a liberdade de expressão, que segue válida, apesar do governo Bolsonaro tentar calar as vozes dissonantes ao seu projeto político.

Em relação às declarações de “suspensão das atividades docentes na UESB”

  1. A suspensão das atividades presenciais na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) se deu por decisão do Conselho Superior da UESB. É importante esclarecer à população que, em período regular de aulas, circulam pela UESB em seus três campi, Itapetinga, Jequié e Vitória da Conquista, semanalmente, mais de 10.000 pessoas, entre estudantes, professores, técnicos, funcionários terceirizados, prestadores de serviço, etc. Parte desses estudantes residem em cidades vizinhas e deslocam-se diariamente para estas localidades. A grande maioria reside nas cidades sede, mas desloca-se utilizando transporte coletivo. Mesmo com a adoção de todas as medidas de segurança biosanitárias factíveis, a inevitável aglomeração nos ambientes da Universidade, como salas de aula, laboratórios, bibliotecas, etc, transformaria a UESB num verdadeiro pólo de disseminação da pandemia, colocando em risco não só a comunidade universitária, mas toda a população da região. Assim, considerando a responsabilidade social da Universidade e o princípio de defesa da vida, não havia outra opção que não a suspensão das aulas, de acordo com todas as recomendações de estudos científicos, que mostraram de forma inequívoca a necessidade dessa suspensão.

  2. É incompleta e distorcida a informação de que a Organização das Nações Unidas (ONU)/Organização Mundial da Saúde (OMS) determinou o retorno prioritário das aulas presenciais. Em primeiro lugar, o documento de 14 de setembro, "Considerations for school-related public health measures in the context of COVID-19", não se aplica às Universidades. Além disso, afirma que a decisão de reabrir ou não escolas deve ser tomada com base numa análise científica dos índices e riscos de transmissão locais da COVID-19. Finalmente, o documento estabelece condições prévias para reabertura das escolas, que obviamente são impossíveis de implementação na UESB, pela falta de orçamento, equipamento e pessoal. Um exemplo é a testagem e o isolamento precoce, além do rastreamento de contatos,  em caso de suspeita de contaminação. Portanto, ao afirmar que a ONU/OMS colocou como prioridade a reabertura das escolas, qualquer um que tenha compromisso com a verdade deve informar quais medidas prévias as autoridades públicas devem tomar, no entendimento da ONU/OMS.

  3. Apesar da suspensão das atividades presenciais de ensino de graduação, é absolutamente falsa a informação de que os professores e demais servidores da UESB estão parados. Seguem de forma remota as aulas de pós-graduação, atividades administrativas, de pesquisa, extensão, orientação, atendimento remoto, cursos, seminários e demais atividades que podem ser realizadas de forma remota, sem colocar em risco a vida de estudantes, professores, técnicos-administrativos, demais profissionais que atuam na UESB e seus familiares.

Reiteramos que a proposta de (contra) Reforma Administrativa do governo Bolsonaro representa um retrocesso, assim como as várias medidas adotadas pelo atual presidente. Uma verdadeira agenda de destruição do país, que vai desde o ataque deliberado a direitos trabalhistas e ao meio ambiente, até o desprezo genocida em relação à propagação da COVID-19. Em seu compromisso com a defesa dos direitos da classe trabalhadora e por uma sociedade mais justa, a Adusb segue atenta àqueles que buscam silenciar ou distorcer a verdade. Não nos calarão!!!

 

Vitória da Conquista, Itapetinga e Jequié, 06 de outubro de 2020

Diretoria da Adusb