O mundo chora a partida de Diego Maradona

A morte de Maradona nesta quarta-feira (25) causou comoção mundial. Na Argentina, há uma verdadeira consternação, assim como em Nápoles, na Itália, onde morou quando jogou no Napoli e levou o clube à vitória. O velório nesta quinta é acompanhado por uma multidão de milhares de pessoas desde a manhã que esperaram mais de cinco horas para ver o jogador na Casa Rosada.

Os feitos que alçaram o argentino a um dos maiores do futebol são vários. Sua genialidade em campo, reconhecida até mesmo por seus desafetos, com arrancadas, dribles e gols históricos, encantou o mundo.

Um dos mais simbólicos talvez seja a Copa do Mundo em 1986, na qual foi o autor de dois gols históricos no jogo entre a Argentina e a Inglaterra. Logo após a guerra das Malvinas, na qual a Argentina saiu derrotada, Diego jogou como se fosse a revanche, carregando com si o sentimento de toda uma nação. Foi nesta partida, o famoso gol com a “mão de Deus” e também o gol feito após driblar quase que todo o time inglês desde o meio do campo.

Em outra Copa, realizada na Itália, num jogo ocorrido em Nápoles, ocorreu outro episódio emblemático de Maradona. Em resposta ao presidente da federação italiana que pediu aos napolitanos que torcessem pela seleção da Azzurra, Diego conclamou o contrário pedindo torcida para a Argentina. “Durante trezentos e sessenta e quatro dias do ano, vocês são considerados pelo resto do país como estrangeiros”, disse ele se dirigindo aos torcedores de Nápoles. “E, hoje, têm de fazer o que eles querem, torcendo pela seleção italiana. Eu, por outro lado, sou napolitano durante os trezentos e sessenta e cinco dias do ano”, disse ele.

O passado pobre, com sua origem numa “villa miseria”, a exemplo das favelas brasileiras; os enfrentamentos com os cartolas do futebol e com o imperialismo norte-americano; ou ainda sua admiração e relação com Cuba e Fidel Castro, também marcam a vida de Diego, conhecido por ter sido polêmico, briguento, mas adorado pelo povo argentino como um “deus”.

O problema com as drogas veio à tona em 1991, quando foi flagrado num exame antidoping. Desde então sua carreira ficou marcada por altos e baixos e muitos escândalos. Depois que parou de jogar, seguiu enfrentando problemas com a dependência química, ganhou peso e passou a ter problemas cardíacos, causa da morte anunciada oficialmente nesta quarta.

Fora dos campos, contudo, outra face de sua vida pessoal revela posturas condenáveis, como vários casos de machismo e não reconhecimento de um dos filhos, o que ocorreu apenas 30 anos depois.

“Yo me equivoqué y pagué, pero la pelota no se mancha” ( Eu me equivoquei e paguei, mas a bola não se mancha). A icônica frase de Diego Maradona em sua despedida oficial, no estádio La Bombonera, em 2001, é uma das mais conhecidas e talvez expresse as contradições que cercam o craque argentino, que entra para a história como um dos grandes do futebol mundial.

CSP-Conlutas