“Bolsolão”: o esquema de Bolsonaro para compra de parlamentares e superfaturamento de tratores

#Bolsolão. #Tratoraço. Essas são as duas hastags que desde domingo se espalharam pelas redes sociais após a revelação do esquema criado pelo governo Bolsonaro, através de um orçamento paralelo de R$ 3 bilhões, para comprar o apoio de parlamentares no Congresso.

O esquema foi revelado pelo jornal O Estado de S.Paulo que teve acesso a um conjunto de 101 ofícios de deputados e senadores, que comprovaria o esquema paralelo montado pelo governo através de emendas parlamentares, além de outros documentos.

Segundo a série de reportagens, os parlamentares indicaram o repasse de recursos do Ministério do Desenvolvimento Regional, comandado pelo ministro Rogério Marinho, numa espécie de emenda informal que direcionou verbas para prefeituras. Segundo o jornal, “minha cota”, “fui contemplado” e “recursos a mim reservados” eram termos frequentes nos ofícios dos parlamentares.

Boa parte desse orçamento foi destinada à compra de tratores, retroescavadeiras e demais equipamentos agrícolas por preços até 259% acima dos valores de referência.

Ainda segundo o levantamento, a distribuição dos valores não foi igualitária entre os 285 parlamentares, beneficiando principalmente quem apoiou o Planalto nas eleições para as presidências da Câmara e do Senado, uma disputa política acirrada travada pelo governo, acuado por cada vez mais pedidos de impeachment desde o ano passado.

Um grupo de 37 deputados e cinco senadores da base governista foram os mais beneficiados, entre os quais o atual presidente da Câmara Arthur Lira (Progressistas – AL), o deputado Vitor Hugo (PSL-GO) e o ex-presidente do Senado Davi Alcolumbre (DEM-AP). Enquanto normalmente cada parlamentar pode direcionar R$ 8 milhões no ano, nesse esquema, somente Davi Alcolumbre determinou o uso de R$ 277 milhões em emendas.

Além das compras de tratores acima da tabela de referência, como revelou o Estadão, o grupo político beneficiado pelo esquema também reservou R$ 1,6 bilhão para asfaltar ruas e estradas nos seus redutos eleitorais, parte consideradas irregulares pelo TCU (Tribunal de Contas da União). Nesse caso, o esquema passa pela Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba), que é controlada por Alcolumbre.

 

O “Bolsolão” vem à tona em meio à grave crise sanitária, econômica e social no país. No Orçamento deste ano, o governo Bolsonaro cortou brutalmente os recursos de ministérios estratégicos como Saúde, Educação, Ciência & Tecnologia. Até agora não há verbas para a realização do Censo Demográfico, por exemplo, o que afetará as áreas sociais. A desculpa é uma suposta falta de recursos por parte do governo.

Mas, ao invés de garantir um auxílio emergencial de pelo menos R$ 600 e comprar mais vacinas, que são algumas das principais necessidades dos brasileiros atualmente, Bolsonaro desvia R$ 3 bilhões para manter sob controle os corruptos do Centrão.

A utilização das emendas parlamentares para desviar recursos públicos é uma manobra comum em esquemas de corrupção no Brasil. Foi assim no “Mensalão” ou no escândalo dos “Anões do Orçamento”. Bolsonaro que fez campanha com um discurso de suposto combate à corrupção repete agora o mesmo esquema.

Juntamente com outros esquemas já revelados como das “rachadinhas”, os depósito de Queiroz na conta da primeira-dama Michele Bolsonaro, o “Bolsolão” vai confirmando cada vez mais a marca desse governo de ultradireita: genocida e corrupto.

Via cspconlutas.org.br