Ambulantes protestam contra a retirada do Terminal Lauro de Freitas

A Prefeitura de Vitória da Conquista pretende retirar os trabalhadores ambulantes da região do Terminal Lauro de Freiras. A categoria esteve mobilizada nesta quarta-feira (12) para denunciar a situação, que poderá afetar centenas de famílias, sustentadas pelo trabalho informal. A Adusb esteve presente no ato público para manifestar solidariedade aos trabalhadores.

Segundo os ambulantes, também conhecidos como camelôs, com a aproximação da inauguração da obra do Terminal Lauro de Freiras, a Prefeitura tem pressionado pela saída dos trabalhadores que atuam no local. O presidente dos Trabalhadores Ambulantes denuncia a falta de diálogo do governo municipal, pois “em momento nenhum a prefeitura desta cidade abriu as portas para que pudesse dialogar com nossos camelôs. Em momento nenhum!”. O dirigente também criticou a prefeita Sheila Lemos que “agora em sua entrevista lança-se como um ‘governo para pessoas’. Que ‘governo para pessoas’? Nós, camelôs, trabalhadores informais, somos pessoas. Nós somos gente! Nós não somos sujeira! Experiência nós temos da Travessa dos Artistas, que antes esse governo prometeu que depois da reforma traria pra cá de novo. Fomos jogados para o estacionamento da Praça da Bandeira”.

Para o presidente da Adusb, Alexandre Galvão, forçar a retirada dos ambulantes, especialmente neste momento de pandemia, é uma irresponsabilidade do poder público e tem uma clara conotação de higienização social. “Nós não poderíamos nos furtar de estar nas ruas neste momento diante de uma política eugenista, que quer fazer uma limpeza social e que não leva em conta o momento que estamos vivendo de fome, em que várias famílias não têm nada para colocar em sua mesa. O momento em que precisamos mais do que nunca defender mais do que nunca a sobrevivência da humanidade”, afirmou Alexandre.

Durante o ato público alguns camelôs fizeram relatos sobre sua atuação de trabalho no Terminal Lauro de Freitas e pediram apoio à população. “Nós tiramos nosso sustento daqui. Já vou para 16 anos neste mesmo local. Sou conhecido por muitas pessoas que estão aqui presentes e gostaria de pedir o apoio de vocês para estarmos juntos nesta luta”, ressaltou M.F.

A categoria também recebeu solidariedade do Movimento Unificado das Associações de Moradores de Vitória da Conquista, representado por Zito Rocha, que denunciou “o descaso com uma categoria tão importante, de pais de família, de mães de família, de pessoas que trabalham no dia a dia, derramam seu suor para levar um trocado para casa. No entanto, essa categoria se sente nesse momento excluída de participar de uma sociedade onde privilégios são totalmente estabelecidos. Entendemos que neste momento, quando os camelôs reivindicam seu direito de permanência seria inclusive desnecessário estar fazendo isso se tivesse uma edição voltado a esse povo”.

Sobre os desdobramentos da luta dos ambulantes, Herberson Silva, membro do Fórum Sindical e Popular de Vitória da Conquista, conta que “a próxima atividade é fazer um ato novamente, onde eles vão apresentar a proposta que eles têm para o Terminal da permanência, que eles chamam de ‘permanência organizada e padronizada’. Eles convidaram inclusive o Colegiado de Economia [da UESB] para fazer um estudo sobre a economia informal, o circular da renda aqui nesta região central e um curso de formação para que eles possam se organizar e conhecer essa movimentação econômica e a importância deles nesse processo. Eles têm uma agenda de luta, de permanência”.

Confira a nota pública conjunta de entidades de Vitória da Conquista em apoio aos trabalhadores ambulantes.