Se já está difícil para o trabalhador brasileiro fechar as contas do mês sob o governo Bolsonaro, a situação ficará ainda pior com o novo aumento na conta de luz anunciado pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), na terça-feira (29).
Com o reajuste na bandeira vermelha patamar 2 (cobrança adicional aplicada às tarifas devido ao aumento no custo de produção de energia) a cobrança extra passou de R$ 6,24 para R$ 9,49 a cada 100 kWh consumidos. O índice de aumento é de absurdos 52%. Um roubo!
O valor irá pesar no bolso do consumidor já a partir de julho. Estima-se que o aumento no valor da tarifa será de 5,5% para uma família com consumo médio (cerca de 152 kWh por mês).
Segundo Marcos Rosa dos Santos, professor de engenharia elétrica do IMT (Instituto Mauá de Tecnologia), quem pagou cerca de R$ 118 em junho, desembolsará R$ 124,59, pelo mesmo consumo em julho.
O aumento realizado de forma arbitrária e sem qualquer consulta pública, faz parte da estratégia de Bolsonaro de mais uma vez empurrar a conta da crise econômica para o consumidor. No total, o custo repassado à população será de R$ 9 bilhões.
Alta no custo de vida
A notícia caiu como uma bomba no orçamento familiar do brasileiro, que já sofre com o empobrecimento causado pela inflação. Impulsionada pelo aumento da conta de luz, a inflação para o mês de maio (0,83%) foi a maior dos últimos 25 anos.
Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), no acumulado dos últimos 12 meses, a inflação (IPCA) registra aumento de 8,06%. Com isso, o Brasil registrou o maior aumento anual no custo de vida, entre os 20 países mais ricos do mundo (G20).
O duro cenário econômico é vivenciado junto a pandemia, que além de já ter matado mais de 516 mil brasileiros, é também responsável por um grande aumento da pobreza e da fome no país.
Culpa é do governo
Embora a equipe econômica de Bolsonaro ponha a culpa da crise energética na falta de chuvas, o cenário é muito mais complexo e denuncia a má gestão governamental. Além da falta de investimentos o governo também tem apostado nas privatizações.
Refém de um único modelo de produção de energia através das hidrelétricas, a forte estiagem eleva os preços, visto que é necessário acionar as usinas termoelétricas, mais caras e mais poluentes.
Segundo especialistas, a situação poderia ser resolvida com investimentos em infraestrutura energética, em fontes alternativas, sustentáveis e renováveis, como a eólica, solar e o bicombustível.
Privatizações
Além disso, Bolsonaro tem apostado sistematicamente na venda das riquezas brasileiras ao capital estrangeiro, como é o caso da Eletrobras que já tem caminho livre para a privatização, após aprovação no Congresso Nacional na última semana.
Caso a venda da empresa ocorra, o aumento nas contas de luz será novamente realidade. Primeiramente, porque as empresas privadas só pensam em aumentar seus lucros. A nova Eletrobras privatizada estaria apta a cobrar valores de mercado.
Atualmente, a Eletrobrás cobra R$ 65,30 por 1.000 kWh. Nas usinas privadas, a média é de R$ 250 por 1.000 kWh. A diferença entre os valores cobrados é de 284%.
Além disso, a Medida Provisória que autoriza a venda da estatal possui os chamados “jabutis”: itens que em nada tem a ver com o objetivo original da proposta, mas que encarecerá os preços. O principal deles é a aposta nas termoelétricas para suprir necessidades.
O aumento das tarifas é mais um motivo para fortalecermos os atos deste sábado (3) e colocar para fora urgente Bolsonaro, Mourão e sua tropa.
CSP-Conlutas