Mais 6 mil indígenas acampados em Brasília estão dando exemplo de luta e união à toda população brasileira. Protestos contra o “marco temporal” ocorreram novamente na quarta-feira (25) quando seria julgada a tese no STF. No entanto, a corte adiou a sessão para esta quinta-feira (26).
Apoiado pela bancada ruralista, o texto que será analisado pela corte trata dos conceitos que norteiam a demarcação de terras indígenas. Os manifestantes são contra a aprovação da medida que dificultaria ainda mais o direito aos territórios.
Segundo levantamento das organizações indigenistas, caso aprovada a tese do marco temporal, cerca de 700 processos de demarcação de terras seriam inviabilizados. 200 já estão em andamento.
Desde o domingo (22), diversas atividades estão sendo conduzidas pelos acampados. Em comum estão as denúncias feitas contra o governo de Jair Bolsonaro conhecido por sua agenda anti-indígena e extremamente danosa ao meio-ambiente.
Na quarta, integrantes de mais de 170 povos originários realizaram uma grande marcha que saiu do acampamento com destino ao STF. Nas faixas e cartazes estavam a luta em defesa das demarcações e direitos indígenas.
O PL (Projeto de Lei) 490 também está na mira dos protestos. A matéria tramita no Congresso Nacional e, além de estabelecer o marco temporal, facilita a exploração de terras indígenas pela iniciativa privada e derruba restrições de contato com povos isolados.
A caminhada fechou as vias N1 e S1, desde a altura do Teatro Nacional. Já em frente ao STF, os manifestantes puderam acompanhar a sessão por um telão. Com o encerramento dos trabalhos da corte, às 18h, os indígenas voltaram ao acampamento.
Segundo a APIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), o acampamento Luta Pela Vida já é considerado a maior mobilização indígena da história do país. Além do ato na capital federal, também foram registradas manifestações em rodovias nos estados de São Paulo, Bahia e Minas Gerais.
Programação
Além de acompanharem novamente a sessão no STF, nesta quinta os indígenas realizarão uma plenária sobre a situação das políticas públicas destinadas aos povos originários.Temas como o sistema político brasileiro e as candidaturas indígenas também deverão ser discutidos no período da tarde.
Solidariedade
Nesta quarta, a delegação da CSP-Conlutas se juntou aos mais de seis mil indígenas na capital em apoio à luta pela terra e contra os ataques promovidos por Bolsonaro e sua equipe. A central sindical estará ao longo da semana novamente na linha de frente na mobilização para barrar este retrocesso.
“Estamos aqui fortalecendo a luta dos indígenas contra o marco temporal e o PL 490. O STF começa hoje o julgamento da tese genocida do marco temporal e no Congresso pode ser votado o PL 490 que também busca retirar direitos das etnias indígenas”, afirma Waldemir Soares integrante da Assessoria Jurídica e Setorial do Campos da CSP-Conlutas.
“Hoje, estão mais de 150 etnias indígenas acampadas aqui em Brasília neste protesto a favor da vida, contra o genocídio, por demarcação. A CSP-Conlutas está acompanhando e dando seu apoio a toda esta luta”, conclui.
CSP-Conlutas