Plano macabro: advogada revela que governo e Prevent atuaram para disseminar covid-19 no Brasil

O enredo parece saído de algum filme de terror. Um governo atua deliberadamente para que milhões de pessoas se contaminem com uma doença. Uma empresa aliada usa seres humanos como cobaias e assedia médicos para oferecerem uma medicação ineficaz. Os óbitos são ocultados.Tudo em nome do lucro.

Infelizmente, a história macabra não se trata de ficção, mas da atuação do governo Bolsonaro em conjunto com a Prevent Senior, como acusa o depoimento da advogada Bruna Morato na CPI da covid-19, na terça-feira (28).

Representante legal de 12 médicos que trabalharam para a empresa e criaram o dossiê contra a operadora de planos de saúde, Morato confirmou que a Prevent Senior, juntamente com os ministérios da Economia e Saúde, planejou a difusão do chamado “tratamento precoce”.

O plano foi elaborado pelo gabinete paralelo do Planalto que tratava de temas relacionados à pandemia e consistia em criar a ideia de que as pessoas poderiam sair às ruas tranquilamente, uma vez que poderiam ser curadas com o “kit covid”.

O objetivo principal, segundo o depoimento, era evitar o fechamento prolongado do comércio (lockdown) e as conseqüências que tais ações trariam ao cambaleante cenário econômico brasileiro.

Para tanto, era preciso dar credibilidade. Alinhados ao negacionismo de Bolsonaro, os médicos Anthony Wong, Nise Yamaguchi e Paolo Zanotto atuaram tanto no desenvolvimento, quanto na disseminação do kit que reunia medicamentos como a cloroquina e azitromicina.

Crimes da Prevent Senior

Apesar de não ter qualquer eficácia comprovada pela ciência, a Prevent Senior investiu nas medicações. Num estudo criado para apresentar resultados favoráveis ao governo, a empresa utilizou pacientes como cobaias, sem que eles soubessem.

A empresa tinha a garantia do ministério da Saúde que não seria alvo de investigações. Além disso, Morato afirmou que a Prevent Senior também aproveitou-se de vantagens econômicas, uma vez que os medicamentos seriam mais baratos que as internações.

O estudo realizado é explicado no dossiê entregue aos senadores que encabeçam a CPI. O documento aponta que durante a pesquisa mortes foram ocultadas pela empresa ávida por mostrar qualquer resultado positivo da empreitada.

Entre outros crimes está o fato de que os funcionários (enfermeiros e médicos) eram obrigados pela Prevent Senior a trabalharem mesmo infectados. O depoimento também afirmou que pacientes com internações mais longas tinham o fornecimento de oxigênio reduzido.

Também foi dito que no período de internação de Wong, que veio a falecer de covid-19, o médico não foi internado em uma unidade exclusiva para pacientes da doença. Desta forma, outras pessoas poderiam ter sido contaminadas na tentativa de esconder o fato da opinião pública.

O caso Hang

A morte de Regina Hang, mãe de Luciano Hang, dono das lojas Havan, também é investigada. A Prevent Senior é acusada de alterar a causa do óbito, mais uma vez omitindo a ocorrência da covid-19. O empresário é ouvido pela CPI, nesta quarta-feira (29), suspeito de financiar a divulgação do tratamento precoce, além de fazer parte do gabinete paralelo.

Inspiração nazista

O depoimento de Morato também trouxe à tona as inspirações nazistas que pautam a Prevent Senior. O lema utilizado entre os diretores é “obediência e lealdade”, os mesmos usados pela SS, a polícia nazista de Hitler.

Além disso, os grupos de trabalhadores responsáveis pela fiscalização do dia a dia nas unidades de saúde tinham o costume de cantar o hino da Prevent Senior com a mão no peito. O ritual fazia parte da estratégia de coerção da empresa em relação aos empregados.

Embora não conste no depoimento de Morato, é conhecida a simpatia dos fundadores da Prevent Senior, Eduardo e Fernando Parrilo, pelo nazismo. Juntos eles têm uma banda (Doctor Pheabes) cuja as músicas fazem apologia ao regime totalitário alemão.

Basta!

Os crimes do governo Bolsonaro contra a população não podem sair impunes. A perda de quase 600 mil vidas pela covid-19 deverá ser o combustível de novos atos pela derrubada do presidente. O próximo dia de mobilização acontece no sábado (2).

A CSP-Conlutas reforça a necessidade de se retomar as ruas e intensificar a mobilização e organização da classe trabalhadora. É necessário colocar todos os esforços em uma greve geral que pare as atividades em todo o país. Basta desse governo genocida!

CSP-CONLUTAS