Trabalhadores da Educação e servidores realizam protestos e paralisações. É hora da Greve Nacional

Os trabalhadores e trabalhadoras em Educação tomaram às ruas, na quarta-feira (16), em diversos estados, para cobrar que governadores e prefeitos cumpram a lei do piso. Os protestos contaram com os servidores públicos que também estão em campanha salarial e mostraram que uma Greve Nacional unificada é possível e necessária.

Com atos de manhã até a noite, professores provaram que há disposição para intensificar as mobilizações que exigem o índice de 33,24% de reposição salarial e o piso de R$ 3.845. Em alguns estados, como Minas Gerais, Piauí e Rio Grande do Norte a categoria já está em greve e segue firme na defesa das carreiras do magistério.

Nas assembleias, panfletagens e atos de rua, que ocorreram durante o dia, o chamado à greve esteve presente nas regiões em que os professores ainda não cruzaram os braços. Por isso, como defende a CSP-Conlutas, é fundamental que o CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação) deposite seus esforços na construção da Greve Nacional.

Servidores protestam em Brasília pelo reajuste emergencial de 19,99%

Em São Paulo

O clima de que é preciso parar já foi sentido no ato realizado em São Paulo (SP). Na Avenida Paulista, milhares se reuniram para exigir do governador João Doria (PSDB) o cumprimento da lei. Em assembleia, os professores votaram a favor dos 33,24% de reajuste. Já a proposta de nova carreira apresentada pelo governo paulista foi rechaçada por todos.

Mesmo com a forte chuva, os manifestantes caminharam até a Praça da República, onde fica a Secretaria de Eduação do estado. Durante o percurso, outras reivindicações foram abordadas, como o fim da precarização nos contratos, das salas de aula superlotadas, mais concursos públicos e garantias de segurança sanitária a toda comunidade escolar.

A caminhada também contou com aposentados e pensionistas que protestavam contra a política de confisco dos salários aplicada pelo governo estadual. Faixas e cartazes também pediam a imediata cassação do mandato do Deputado Arthur do Val (Podemos) pelos atos machistas e misóginos cometido contra mulheres ucranianas, na última semana.

“Doria está mentindo a população. Ele diz que os professores terão um reajuste histórico, mas até o piso que a gente conseguiu arrancar do Bolsonaro (reajuste de 33,24%) ele ainda não pagou”, explica Flavia Bischain integrante da Executiva Nacional da CSP-Conlutas e professora da rede pública em São Paulo.

“Nossa categoria está com os salários congelados há muito tempo e nós estamos vendo a situação do país. O aumento no preço dos alimentos, gasolina, as tarifas subindo e a classe trabalhadora amargando com salários arrochados. Enquanto isso, o serviços públicos são destruídos. Então, este ato também é em defesa da educação pública”, conclui.

Repressão

Em São João Del Rei (MG), trabalhadores da Educação que se mobilizavam em defesa do piso nacional e por uma educação pública e de qualidade foram reprimidos violentamente pela Polícia Militar que utilizou gás de pimenta e gás lacrimogéneo contra os manifestantes.

O mesmo tratamento criminoso foi dado aos professores de Teresina (PI), na terça-feira (15). A mando do prefeito Dr. Pessoa (MDB), a polícia disparou tiros de balas de borracha e gás de pimenta contra aqueles que se manifestavam em frente à Prefeitura.

Na quarta, os profissionais da educação teresinenses decidiram por manter a paralisação que já dura 39 dias e é a mais longa greve que ocorre no Brasil, desde o início de 2022. A categoria promete manter o acampamento em frente ao paço municipal até que o prefeito abra as negociações.

Outros estados

Professoras e professoras protestam em Florianópolis

Grandes manifestações pelo reajuste de 33,24% também ocorreram em Santa Catarina, Maranhão, Distrito Federal, Rio de Janeiro e Minas Gerais, onde a categoria também está em greve por tempo indeterminado e pressiona o governador Romeu Zema (Novo) pelo cumprimento da lei do piso.

Nas mobilizações outras pautas foram levantadas pelos ativistas. Houve protestos contra a implementação do chamado “novo Ensino Médio”, que começa a partir deste ano e a crescente militarização das escolas.

Assembleia realizada em Belo Horizonte

Servidores em Brasília

Os servidores públicos federais também estiveram presentes nas manifestações protestando em conjunto com os professores. O ato mais importante do funcionalismo ocorreu em Brasília, com uma marcha realizada na Esplanada dos Ministérios.

As mobilizações são um ultimato ao governo Bolsonaro que ainda não abriu negociações com os servidores, apesar da pauta de reivindicações ter sido entregue há mais de dois meses.. Eles exigem a reposição salarial de 19,99%, o fim da política de “Teto de Gastos” e o arquivamento da Reforma Administrativa (PEC 32).

“Os servidores têm dado uma demonstração de que têm disposição para lutar. Não só em relação a suas demandas, como o reajuste emergencial de 19,99%, mas também contra a reforma do Estado prevista na PEC 32”, discursou o servidor Paulo Barela, integrante da Executiva Nacional da CSP-Conlutas, em Brasília.

“Nós entendemos que a saída é unificar as ações para que a gente possa obter vitórias em um momento que vivemos uma crise econômica bastante profunda. Remunerar o servidor significa defender um serviço público que atenda às necessidades da classe trabalhadora, das periferias e daqueles que mais precisam”, conclui.

Confira a cobertura do dia de luta:

Via cspconlutas.org.br