Ato em São Paulo pressiona governo por mais verba para universidades estaduais

Na quinta feira, (14), professores, técnico-administrativos e estudantes realizaram o maior ato da greve contra a decisão dos reitores de conceder “reajuste zero” para os trabalhadores das três universidades estaduais paulistas. Mais de 2.500 manifestantes, representando as três categorias da USP, Unesp e Unicamp marcharam da USP até o Palácio dos Bandeirantes, no bairro do Morumbi. O objetivo da manifestação era pres­sio­nar o governo estadual contra o arrocho salarial e cobrar mais verbas para as universidades.

“A nossa greve atravessou a Copa e os reitores acharam que a gente não ia conseguir; a nossa greve atravessou julho e os reitores achavam que a gente não ia conseguir; a nossa greve deve crescer e já cresceu em agosto e os reitores vão ter que nos engolir! Vão ter que negociar conosco!”, disse João da Costa Chaves Júnior, da Associação de Docentes da Unesp (Adunesp) – Seção Sindical do ANDES-SN.

Magno de Carvalho, diretor do Sintusp, ressaltou mais uma vez que a greve se pauta na defesa da universidade pública: “Nós temos claro que a luta que nós estamos travando na USP, na Unesp e na Unicamp não é apenas por salário, não é uma luta apenas contra o arrocho salarial. Nós estamos defendendo nessa luta a própria univer­si­dade pública, gratuita e de quali­dade, que está sendo ameaçada de sucateamento e de privatização”.

Demissões

Outro fator que indignou a todos os presentes e marcou muitas das falas foi a matéria publicada pela Folha de S. Paulo, que atribui à Reitoria da USP planos de obter a demissão voluntária de 3 mil funcionários, reduzir a jornada e o salário de docentes e repassar o Hospital Universitário da USP (HU) à Secretaria Estadual de Saúde. “Acabou de chegar nas nossas mãos e foi publicado na Folha de S. Paulo que já estão entregando o Hospital Universitário para a Secretaria Estadual de Saúde e a gente sabe o que quer dizer isso: é a destruição do hospital! Hoje o Hospital Universitário é considerado o melhor hospital público de São Paulo apesar de já estar sendo sucateado, e eles vão entregá-lo, como já entregaram o Hospital de Bauru!”, afirmou Magno. A esse respeito, o professor Ciro Correia, presidente da Adusp – Seção Sindical, leu nota publicada pela entidade.

Já no Palácio dos Bandeirantes, após cobrança dos manifestantes, o governo recebeu uma comissão do Fórum das Seis, que reúne representantes dos três segmentos. Foram apresen­tadas as propostas do Fórum, as mesmas que foram discutidas na véspera do ato, em reunião da Comissão de Finanças, Orçamento e Planejamento da Assembleia Legislativa de SP (Alesp), entre elas a imediata interrupção dos descontos relativos à Habitação, o repasse imediato de 0,7% da QPE do ICMS a ser depositada até outubro de 2014, acréscimo correspondente a esses 0,7% aos 9,57% constantes na Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2015 e a elevação, na LDO de 2016, para 10% do total do produto do ICMS para as universidades estaduais paulistas.

A comissão foi recebida por dois representantes da Casa Civil, aos quais foi relatada a situação atual de total intransigência do Conselho de Reitores (Cruesp) e a necessidade de mais recursos para as universidades. Os representantes da Casa Civil alegaram que a questão deveria ser tratada na Alesp, ao que a comissão respondeu que o aumento do repasse só não foi incluído na LDO de 2015 devido à posição contrária do Palácio dos Bandeirantes. Ficou aberta a possibilidade de uma reunião com o secretário estadual da Fazenda nas próximas semanas.

*Edição de ANDES-SN

Fonte: Adusp-Seção Sindical